NO
TEMPO DE PESSOAS “IMPORTANTES” COMO NÓS
50
Anos da História de Alcobaça Contada através de Pessoas
Amado,
Juvenal Nataliel de Almeida Sacadura, nasceu
a 17 de junho de 1950, em Fervença/Alcobaça, e vive em Fátima, desde 2002.
Falando
de si diz que, o meu avô materno de seu nome Juvenal Maciel de
Albuquerque Sacadura, instalou-se em Alcobaça depois muitas andanças e lutas
pela instauração dos seus ideais republicanos.
Pai
de onze filhos, só nove sobrevivem até à
idade adulta, sendo eu assim filho mais velho, da sua filha mais nova.
Assim
sem nada de relevante, cheguei à idade escolar, onde frequentei a escola da
Dona Estela, em Alcobaça, a escola da Vestiaria e por fim a escola do prof.
Pires, onde fiz a 4ª classe, que era assim que chamava.
Sai
da escola primária com onze anos. Naquele tempo havia que dar uma profissão ao
rapaz, uma vez que seguir os estudos não era possível. Fui moço de fretes de
uma drogaria, de uma mercearia, nos escritórios do sr. Hernâni Bastos, num
escritório da fábrica dos Pedros. Já com treze anos, acabei por ir trabalhar
para o Valado dos Frades para a fábrica dos Pereiras aprender a arte do gesso
com um grande artista chamado António Amado.
Mas
não fiquei por aí. Com 14 anos fui para a Crisal/Cristais de Alcobaça como
aprendiz de pintor. Aí estive até aos 21 anos idade com que entrei na vida
militar. Passei por Coimbra C.I.C.4, Porto RI6, Abrantes RI2, Santa Margarida
C.I.M.E. Fui mobilizado para a Guiné integrado no Batalhão de Caçadores 3872,
como condutor de viaturas motorizadas durante 27 meses.
Regressei
em 4 de Abril de 1974 e sou apanhado pelo derrube do anterior regime. Tendo
algumas raízes oposicionistas e pelo facto de trabalhar na indústria vidreira,
torno-me militante do Partido Comunista Português onde milito até 1985, embora
já casado e outras responsabilidades profissionais essa militância passa a ter
valor residual a partir de 1979.
Em
1981, fundo uma empresa de cerâmica com mais quatro pintores, onde dou largas
ao muito que me ensinou a Dona Isabel Costa Santos, grande artista que em boa
hora o Sr. Magalhães entendeu contratar para transformar a pintura da sua
empresa. Digo em boa hora pois muito aprendi com ela e ainda hoje a Crisal
mantem pintores a executar trabalhos de sua criação. Após 5 anos, saio dessa
sociedade e fundo uma pequena oficina, com ajuda da minha mulher e mantenho
atividade até 1998. Sempre com mais baixos que altos, acabo por desistir e
aceito ser responsável por criação de produto e venda no mercado interno, dos
excedentes da exportação que a produção gerava.
Aceito
emprego em Ansião como chefe de produção, onde entro em funções no dia do
ataque às Torres Gémeas em Nova Iorque. Aí estou até aceitar um emprego numa
localidade perto de Fátima com as mesmas funções. Fundo uma empresa de
consultadoria com dois sócios, mas acabo por saída de um deles, passar por
minha vontade a empregado da mesma.
Aproveitando
a oportunidade tiro o 9º ano. Não correu bem e aceito emprego como chefe de
produção no Juncal, de onde acabo por ir para o fundo de desemprego com 59 anos
de idade e após três anos, sou passado à reforma.
Ainda
no período do Fundo de Desemprego volto à escola e acabo por fazer o 12º onde
desenvolvo muito do gosto por escrever.
Mas
entretanto os anos passados na Guiné, fizeram-me encontrar Luís Graça e o seu
blogue. Em 2007, passo a escrever periodicamente para lá e virão essas estórias
a resultar num livro, composto por mais ao menos 80 das mais de duzentas
intervenções ativas para o mesmo.
-Sobre
o tempo da comissão de serviço militar na Guiné, apresentou no dia
21 de março de 2016, o livro A Tropa Vai
Fazer de Ti um Homem! (Guiné 1971-1974), no auditório da Biblioteca
Municipal de Alcobaça. Esta obra, aliás a primeira, reúne muitas histórias que
Juvenal Amado viveu durante três anos entre a sua entrada para vida militar, e
o tempo que esteve destacado na Guiné.
De
acordo com José Alberto Vasco, que apresentoupublicamente o livro, este não é biográfico no
verdadeiro sentido da palavra, mas
reúne as experiências e as visões da guerra, num relato poético, conferindo um forte contributo para
a memória de uma época que nem sempre é fácil de recordar.
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