sábado, 12 de janeiro de 2019

NO TEMPO DE PESSOAS “IMPORTANTES” COMO NÓS

50 Anos da História de Alcobaça Contada através de Pessoas


André, Francisco Vitorino, natural da Vestiaria e comerciante em Alcobaça (com estabelecimento ao lado da Pensão Restaurante Corações Unidos), esteve para ser preso no dia 22 de Julho de 1975, pelo COPCON, conjuntamente com os 5 alcobacenses Tarcísio Trindade, Mário Amaral, Hernâni C. Bastos, Luís do Couto Serrenho, Capador, e Carlos Leão da Silva, Caranguejo.
Era um homem assumidamente de direita e dizia que não desgosto de viver em democracia e, desde muito novo servi o regime (foi Presidente da Junta de Freguesia de Vestiaria), nunca com intenção de obter dividendos políticos ou patrimoniais. Exerci na minha freguesia dois mandatos como Presidente da Junta antes do 25 de Abril e como se sabe a remuneração nesse tempo era simplesmente zero.
Francisco André não foi detido pois nesse dia saí muito cedo da minha residência na Vestiaria e fui com um amigo a Lisboa. Quando passei por Alcobaça vi uma viatura do Exército, mas nunca pensei que estivesse destinada a transportar-me à prisão. Fui procurado em casa, mas como não estava, não foi possível a minha detenção. Quando regressei de Lisboa estava a decorrer nos Paços do Concelho uma grande manifestação na qual me integrei, fui metralhado por olhares diversos, certamente alguns achavam estranho eu estar ainda em liberdade. Entretanto fui avisado pelo meu filho que tinha de comparecer de imediato no Posto da PSP, fi-lo com a maior prontidão. O Chefe disse-me que não me prendia, que se eles quisessem que me viessem buscar.
A razão porque o COPCON o quis prender, nunca chegou a conhecer.
Vitorino André, tido por bom garfo, foi candidato a deputado em lista CDS, às eleições para a Assembleia Constituinte mas não veio a ser eleito, e vereador a tempo inteiro na Câmara Municipal, no segundo mandato de Miguel Guerra.
Leia-se Fleming de Oliveira em No Tempo de Soares, Cunhal e Outros e aqui Carlos Leão da Silva (Caranguejo), Hernâni Bastos, José C. Serrenho (Capador), Mário Amaral e Tarcísio Trindade. 

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