quinta-feira, 17 de janeiro de 2019




NO TEMPO DE PESSOAS “IMPORTANTES” COMO NÓS

30 Anos da História de Alcobaça Contada através de Pessoas


Delgado, (Gen./Mar.) Humberto da Silva, nasceu a 15 de Maio de 1906 em Boquilobo, Brogueira, Torres Novas.
Participou no movimento militar de 28 de Maio de 1926, que derrubou a I República e implantou a Ditadura Militar que em 1933, iria dar lugar ao Estado Novo.
Durante muitos anos, apoiou o regime salazarista, particularmente no seu anticomunismo.
Os cinco anos que viveu nos Estados Unidos modificaram a sua forma de encarar a política portuguesa. Convidado por opositores ao regime de Salazar para se candidatar à Presidência da República, em 1958, contra o candidato do regime, Américo Tomás, aceitou, reunindo em torno de si a oposição ao Estado Novo.
Numa conferência de imprensa da campanha eleitoral, realizada em 10 de maio de 1958 no café Chave de Ouro, em Lisboa, quando lhe foi perguntado por um jornalista que postura tomaria em relação ao Presidente do Conselho, Oliveira Salazar, respondeu com a frase Obviamente, demito-o! Esta frase, que ficou para a História, incendiou os espíritos dos opositores do regime salazarista que o apoiaram e o aclamaram, com particular destaque para a receção popular na Praça Carlos Alberto, no Porto, a 14 de maio de 1958. Devido à coragem que manifestou ao longo da campanha perante a repressão policial foi cognominado General sem Medo.
-Em 25 de maio de 1958, o Gen. Humberto Delgado fez uma visita a Alcobaça em campanha eleitoral. O jornal O Alcoa, de 31 de maio de 1958, noticiou a passagem do modo seguinte: Em viagem de propaganda eleitoral, passou por Alcobaça, no passado domingo, o sr. General Humberto Delgado, sendo saudade por numerosos amigos.
O resultado eleitoral não lhe foi favorável, graças à fraude eleitoral montada pelo regime em todo o país. Em 1959, na sequência da derrota eleitoral, vítima de represálias por parte do regime salazarista e alvo de ameaças da polícia política, pediu asilo político na Embaixada do Brasil, seguindo depois para o exílio nesse país. 
Convencido que o regime não poderia ser derrubado por meios pacíficos promoveu a realização de um golpe de estado militar, o qual veio a ser concretizado em 1962 e que visava tomar o quartel de Beja e outras posições estratégicas importantes de Portugal. O golpe, porém, fracassou.
Pensando vir reunir-se com opositores ao regime do Estado Novo, Humberto Delgado dirigiu-se à fronteira espanhola em Los Almerines, perto de Olivença, em 13 de Fevereiro de 1965. Ao seu encontro foi um grupo de agentes da PIDE, liderados por Rosa Casaco, que o assassinou.
-Na Cela Velha existe uma escultura de José Aurélio, que  visa homenagear a sua figura. O monumento pretende representar as forças opressoras fragmentadas e simboliza o estilhaço da força da liberdade e  foi inaugurado em Julho de 1976, com a presença do Primeiro-ministro Mário Soares.
-Um vasto conjunto de documentação relativa a Humberto Delgado na posse de particulares, foi entregue ao Arquivo Nacional Torre do Tombo no dia 12 de maio de 1998, numa cerimónia em que participou o Ministro da Cultura, Manuel Maria Carrilho.
A recuperação da documentação agora entregue à posse do Estado, foi o resultado do empenho da filha, Iva Delgado, que contou com a colaboração de vários particulares que cederam documentos e fotografias que permitem refazer uma parte da história do General Delgado. Entre esses materiais conta-se a gravação dum comício realizado em 22 de maio de 1958, em Chaves, e no qual Delgado afirmou estou pronto a morrer pela liberdade. Esta gravação esteve enterrada durante cerca de 20 anos no jardim da casa de Júlio Montalvão Machado, que agora a cedeu.
-Vindos de Vila del Fresno, aonde foi assassinado pela PIDE, chegaram a Lisboa os restos mortais do Gen. Delgado. Depois de receber as honras militares no aeródromo-Base Aérea 1, a urna seguiu para a Igreja do Santo Condestável. Na homenagem estiveram diversos oficiais generais, uma força da Polícia Aérea, viúva, filhos e amigos. Durante a noite constituíram-se vários turnos de velório, constituídos por elementos das Forças Armadas e pelo povo que afluiu.
Dias antes, em portaria conjunta do Conselho dos Chefes dos Estados Maiores, o Gen. Humberto Delgado foi reintegrado na Força Aérea, a título póstumo.
-A Freguesia da Cela, acolheu com emoção, o boato (posto a correr por Rui Paulino?) que os restos mortais de Humberto Delgado seriam transladados para o cemitério da freguesia.
A vinda dos restos mortais de Delgado só será possível, fez-se constar, pela grande amizade que a família tem para com a população da Freguesia de Cela e muito em especial para com o Presidente da Junta, Francisco Leonardo Eusébio.
Sabia-se que estava previsto os restos mortais do General Delgado, irem para o Mosteiro dos Jerónimos e, por isso, deu entrada na Assembleia da República um pedido para que o General fosse transladado para aí.
Como não houve resposta, seria com orgulho que a Junta de Freguesia de Cela iria promover no dia 25 de abril de 1999 a homenagem que Portugal devia a Humberto Delgado. A Junta de Freguesia, a promotora deste  acontecimento, agradeceu à população de Cela e do Concelho de Alcobaça, o ânimo, a coragem e o apoio para a realização de tão grande homenagem, com os restos mortais já transladados.
-Um desentendimento entre as forças políticas representadas na Assembleia Municipal de Alcobaça, levou a que a homenagem ao General Humberto Delgado, prevista para o dia 25 de Abril de 2006, junto ao monumento da autoria de José Aurélio, fosse realizada às 11h pelo PSD e repetida às 12h30 pelo PS e CDU. Em causa, segundo Daniel Adrião e Rogério Raimundo, esteve a tradição que há longos anos manda que a homenagem ao General se realize por volta do meio-dia, seguindo-se um almoço de confraternização.
Aconteceu este ano uma comemoração insólita.
Cerca das 11h, os presidentes da Câmara e da Assembleia Municipal de Alcobaça, respetivamente Gonçalves Sapinho e Rui Perdigoto, acompanhados de alguns militantes do PSD e de uma delegação do Rancho Folclórico e Etnográfico Papoilas do Campo, depositaram uma coroa de flores, junto ao monumento.
Apesar da forte chuva e do vento, os jornalistas resolveram esperar a reedição da cerimónia, duas horas mais tarde. Cerca das 12h30, vários automóveis começaram a chegar, até que cerca das 13h, Rogério Raimundo (CDU), e Daniel Adrião (PS), acompanhados de alguns apoiantes, e do Rancho Papoilas do Campo, saíram dos automóveis que se foram concentrando no local e depositaram outra coroa de flores junto ao monumento.
Iva Vieira, responsável do Rancho, foi contundente nas críticas a Gonçalves Sapinho considerando que este falhou e que o desencontro foi inqualificável. No entanto, justificou a sua disponibilidade em comparecer a esta dupla celebração afirmando que cabe ao Rancho receber qualquer presidente de Câmara. Junto ao monumento a Humberto Delgado, vou as vezes que for preciso, pois a homenagem está acima destas questões.
Filha de Joaquim Vieira, o promotor da escultura, entretanto falecido, Iva Vieira considera que este não é um desencontro com o Rancho, mas um desencontro do presidente da Câmara consigo próprio.
Daniel Adrião, considerou que o 25 de Abril faz parte do património histórico, pelo que devia ser um elo de ligação entre todos os portugueses. Por isso, lamentou que a Assembleia Municipal e a maioria PSD tenham tido uma atitude divisionista.
Rogério Raimundo, criticou a maioria laranja, nomeadamente Gonçalves Sapinho, que acusou de omitir algumas das principais referências da revolução.
Cerca de uma centena de pessoas compareceu ao almoço de confraternização organizado pelo Rancho Folclórico e Etnográfico Papoilas do Campo, realizado na sua sede.
-A Assembleia da República Portuguesa decidiu, a 19 de julho de 1988, que fosse feita a transladação dos restos mortais de Humberto Delgado, do Cemitério dos Prazeres, para o Panteão Nacional, da Igreja de Santa Engrácia, em Lisboa. A cerimónia aconteceu a 5 de Outubro de 1990, dia que se assinalava os oitenta anos da Implantação da República Portuguesa.
Na mesma altura, o General foi elevado, a título póstumo, a Marechal da Força Aérea. 
-A Casa Memorial Humberto Delgado foi inaugurada em junho de 1998, em Boquilobo, numa sessão que foi presidida pelo Presidente da República, Jorge Sampaio e na qual estiveram presentes diversas individualidades civis e militares. Entre os presentes encontravam-se o Presidente e Vereadores da Câmara Municipal de Torres Novas, Presidente da Junta de Freguesia da Brogueira, o poeta deputado Manuel Alegre em representação do Presidente da Assembleia da República, o Ministro da Administração Interna, Alberto Costa em representação do Governo e do Primeiro-ministro, a esposa e a filha do General Humberto Delgado e outras individualidades.
O Concelho de Alcobaça fez-se representar pelo Presidente da Câmara e Vereadores, Presidente da Assembleia Municipal, Presidente da Junta de Freguesia de Alcobaça entre outros e um tradicional grupo de Alcobacenses que quiseram estar presentes em mais uma homenagem ao General.
-O cinquentenário da morte de Humberto Delgado foi assinalado no dia em que se comemoraram 41 anos do 25 de Abril, junto ao monumento, na Cela Velha.
A cerimónia de homenagem, que serviu também para reinaugurar a Praça Humberto Delgado, que foi sujeita a trabalhos de melhoramento e requalificação, incluiu uma interpretação do hino pela Academia de Música de Alcobaça, um sobrevoo de aviões do Aero Clube de Leiria, a apresentação do livro Meu Pai, o General Sem Medo – Memórias – de Iva Delgado, por Álvaro Laborinho Lúcio e ainda a leitura de excertos pelo poeta Nuno Guedes.
Depois da deposição de coroa de flores no monumento, seguiu-se um almoço na Praça Humberto Delgado. Em Alcobaça, às 15 horas, foi deposta uma coroa de flores no monumento do 25 de Abril, na Praça João de Deus Ramos para depois dar início, às 15, 30 horas, à Sessão Solene da Assembleia Municipal de Alcobaça, no auditório da Biblioteca Municipal.
Nas comemorações do 25 de Abril, o Município convidou a comunidade a participar na jornada Caminhar em Liberdade, de 6,5 km com partida e chegada em frente ao Mosteiro de Alcobaça, a partir das 10:30 horas. À noite, o grupo T.A.P., de Pombal, apresentou a peça Romeu e Julieta, no Cineteatro de Alcobaça.
-Trata-se de um dia histórico para toda a comunidade, afirmou Paulo Mateus, relembrando o foral atribuído em 1514, por D. Manuel I, no dia 18 de maio de 2014.
O Presidente da Junta salientou, perante centenas de pessoas, que a partir de agora a circulação de viaturas e pessoas poderá ser feita em segurança, pois a Rua Humberto Delgado era muito estreita e apresentava perigos.
Paulo Inácio, natural da Cela onde vive, afirmou que estamos num lugar que vem desde a génese da nossa querida nação. É uma das freguesias que representa a grandiosidade do concelho.
O autarca partilhou a ambição de colocar em destaque as referências manuelinas da freguesia que devem ser limpas e colocadas à mostra.
No mesmo dia (500 anos da freguesia da Cela) foram inauguradas as obras do altar da Igreja Paroquial de Santo André da Cela, em cerimónia presidida pelo Bispo Auxiliar de Lisboa D. Nuno Brás.
-O Rancho Folclórico e Etnográfico Papoilas do Campo, da Cela Velha, assinalou, no dia 21 de agosto de 2016, o 40.º aniversário do monumento a Humberto Delgado.
Para comemorar a efeméride, a instituição organizou uma conversa com José Guilherme de Abreu, José Bonifácio Serra, Frederico Delgado Rosa, José Aurélio, Alberto Guerreiro e Iva Vieira. A Praça General Humberto Delgado voltou atrás no tempo para a realização de uma merenda rural, em que não faltaram os descantes,  bailaricos e jogos de tradicionais
-A Cela Velha, acolheu entre 25 de abril e 18 de setembro de 2016 na Praça Humberto Delgado, a exposição Fragmentos de Liberdade. Humberto Delgado e A Cela: 40 anos dedicada à evocação das quatro décadas do monumento a Humberto Delgado do escultor José Aurélio e do arquiteto Artur Rocha. 
A exposição comissariada por Alberto Guerreiro, Iva Vieira e José Aurélio, assumiu-se como uma instalação museográfica ao ar livre, evocativa do sentido histórico, artístico e sociocultural inerente à edificação e permanência ao longo dos 40 anos do monumento ao General.
Percorrendo uma linha cronológica, a exposição documentou as ocorrências e vicissitudes comunitárias da população em paralelo com o percurso desta obra escultórica no momento da exaltação à figura de Humberto Delgado.
-Em fevereiro de 2015, por ocasião do 50º aniversário do seu assassinato, a Camara Municipal de Lisboa propôs ao governo Português a alteração do nome do Aeroporto de Lisboa para Aeroporto Humberto Delgado. O governo aceitou a proposta e desde 15 de maio de 2016 que o Aeroporto da Portela se designa por Aeroporto Humberto Delgado, em cerimónia que contou com a presença do Presidente da República, Primeiro-ministro e familiares do homenageado.
Na Cela Velha a efeméride foi assinalada pelo Rancho Folclórico e Etnográfico Papoilas do Campo que organizou um colóquio sobre Humberto Delgado, o 25 de Abril e a Liberdade, com a presença de individualidades, civis, militares e da música.
-A eletricidade chegou tardiamente à Cela, depois de Aljubarrota a primeira freguesia do concelho ser eletrificada, e graças ao empenho de Delgado. Este era pessoa interessada nos problemas da freguesia, pelo que não foi por acaso, o primeiro Presidente da Assembleia Geral da Associação dos Beneficiários da Cela.
-Quando na década de 1930, se pretendeu concretizar o Plano de Rega dos Campos da Cela, o governo quis lançar uma taxa sobre os utentes, a qual foi considerada muito pesada e difícil de pagar. Sabe-se que Delgado interveio junto do governo para a abolir, aliás era um especial interessado, dado ser grande regante.
Mais tarde, em meados dos anos de 1950, o governo pretendeu de novo introduzir uma taxa aos regantes da Cela, mas desta vez foi o Pe. João de Sousa quem manobrou com eficácia, no sentido de a iniciativa não se ter concretizado.
Delgado, Manuel, nasceu em 1944 no Casal da Charneca, viveu os seus primeiros 19 anos no concelho de Alcobaça, tempo suficiente para que tomasse o gosto pelo Ginásio Clube de Alcobaça.
Vi grandes jogos no antigo Campo das Tábuas quando o clube ainda se chamava Desportivo Comércio e Indústria. Tínhamos uma grande equipa com jogadores como o Adventino, o Saraiva ou o Lourenço que depois foi jogar para o Sporting. Era um tempo em que muita gente ia ao futebol.
Foi para França para fugir ao serviço militar, tendo-se instalado a cerca de 150 km de Paris, onde trabalhou na cerâmica, plásticos e elevadores. Os anos em que esteve em França sensibilizaram-no para o problema dos emigrantes portugueses tendo-se tornado, no primeiro sindicalista não francês do país. Em França passei os melhores anos da minha vida e sempre me habituei a trabalhar muito e fazer várias coisas ao mesmo tempo. Desde que me reformei, sinto a falta de um desafio e o Ginásio é um grande desafio. Quis ser Presidente do Ginásio Clube de Alcobaça, pois entendo que o clube não se resume à equipa sénior de futebol e que a formação e o futsal devem merecer igual atenção. Defendo que a equipa de futebol em 2007 tem qualidade para ficar na terceira divisão nacional. A época estava a correr, bem mas alguma coisa aconteceu na parte final da temporada que fez com que a equipa perdesse pontos. Tenho muita pena, segundo confessa, de ver o alheamento de pessoas relativamente ao clube e fez-me muita confusão assistir a assembleias com apenas 4 sócios. O clube está divorciado da comunidade e isso tem de ser alterado para voltar a ser como dantes.
Não muito conhecido em Alcobaça, Manuel Delgado ao candidatar-se dispôs-se a aceitar esse desafio sucedendo a Armando Bragança.
Tendo apresentado a sua lista às eleições, aliás a única, foi eleito por unanimidade, aliás com meia dúzia de presentes na votação.

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