NO
TEMPO DE PESSOAS “IMPORTANTES” COMO NÓS
30
Anos da História de Alcobaça Contada através de Pessoas
Delgado,
(Gen./Mar.) Humberto da Silva, nasceu a 15 de Maio de 1906 em
Boquilobo, Brogueira, Torres Novas.
Participou
no movimento militar de 28
de Maio de 1926, que
derrubou a I República e implantou a Ditadura Militar que em
1933, iria dar lugar ao Estado
Novo.
Os
cinco anos que viveu nos Estados Unidos modificaram a sua forma de encarar a
política portuguesa. Convidado por opositores ao regime de Salazar para se
candidatar à Presidência da República, em 1958, contra o candidato do regime, Américo
Tomás, aceitou,
reunindo em torno de si a oposição ao Estado Novo.
Numa
conferência de imprensa da campanha eleitoral, realizada em 10 de maio de 1958 no café Chave
de Ouro, em Lisboa, quando lhe foi perguntado por um
jornalista que postura tomaria em relação ao Presidente
do Conselho, Oliveira
Salazar, respondeu com
a frase Obviamente, demito-o! Esta frase, que ficou para a História,
incendiou os espíritos dos opositores do regime salazarista que o apoiaram e o
aclamaram, com particular destaque para a receção popular na Praça
Carlos Alberto, no Porto, a 14 de maio de 1958.
Devido à coragem que manifestou ao longo da campanha perante a repressão
policial foi cognominado General sem
Medo.
-Em
25 de maio de 1958, o Gen. Humberto Delgado fez uma visita a Alcobaça em
campanha eleitoral. O jornal O Alcoa, de 31 de maio de 1958, noticiou a
passagem do modo seguinte: Em viagem de
propaganda eleitoral, passou por Alcobaça, no passado domingo, o sr. General
Humberto Delgado, sendo saudade por numerosos amigos.
O
resultado eleitoral não lhe foi favorável, graças à fraude eleitoral montada
pelo regime em todo o país. Em 1959,
na sequência da derrota eleitoral, vítima de represálias por parte do regime
salazarista e alvo de ameaças da polícia política,
pediu asilo político na Embaixada do Brasil, seguindo depois para o exílio nesse país.
Convencido que o regime não poderia ser
derrubado por meios pacíficos promoveu a realização de um golpe de estado
militar, o qual veio a ser concretizado em 1962 e que visava tomar o quartel de Beja e
outras posições estratégicas importantes de Portugal. O golpe, porém,
fracassou.
Pensando
vir reunir-se com opositores ao regime do Estado Novo, Humberto Delgado
dirigiu-se à fronteira espanhola em Los Almerines, perto de Olivença, em 13 de Fevereiro de 1965.
Ao seu encontro foi um grupo de agentes da PIDE,
liderados por Rosa Casaco, que o assassinou.
-Na
Cela Velha existe uma escultura de José Aurélio, que visa homenagear a sua figura. O monumento pretende representar as forças opressoras
fragmentadas e simboliza o estilhaço da força da liberdade e foi inaugurado em Julho de 1976, com a
presença do Primeiro-ministro Mário Soares.
-Um
vasto conjunto de documentação relativa a Humberto Delgado na posse de
particulares, foi entregue ao Arquivo Nacional Torre do Tombo no dia 12 de maio
de 1998, numa cerimónia em que participou o Ministro da Cultura, Manuel Maria
Carrilho.
A
recuperação da documentação agora entregue à posse do Estado, foi o resultado
do empenho da filha, Iva Delgado, que contou com a colaboração de vários
particulares que cederam documentos e fotografias que permitem refazer uma
parte da história do General Delgado. Entre esses materiais conta-se a gravação
dum comício realizado em 22 de maio de 1958, em Chaves, e no qual Delgado
afirmou estou pronto a morrer pela
liberdade. Esta gravação esteve enterrada durante cerca de 20 anos no
jardim da casa de Júlio Montalvão Machado, que agora a cedeu.
-Vindos
de Vila del Fresno, aonde foi assassinado pela PIDE, chegaram a Lisboa os
restos mortais do Gen. Delgado. Depois de receber as honras militares no
aeródromo-Base Aérea 1, a urna seguiu para a Igreja do Santo Condestável. Na
homenagem estiveram diversos oficiais generais, uma força da Polícia Aérea,
viúva, filhos e amigos. Durante a noite constituíram-se vários turnos de
velório, constituídos por elementos das Forças Armadas e pelo povo que afluiu.
Dias
antes, em portaria conjunta do Conselho dos Chefes dos Estados Maiores, o Gen.
Humberto Delgado foi reintegrado na Força Aérea, a título póstumo.
-A
Freguesia da Cela, acolheu com emoção, o boato (posto a correr por Rui Paulino?) que os restos mortais de Humberto
Delgado seriam transladados para o cemitério da freguesia.
A
vinda dos restos mortais de Delgado só será possível, fez-se constar, pela grande amizade que a família tem para com a
população da Freguesia de Cela e muito em especial para com o Presidente da
Junta, Francisco Leonardo Eusébio.
Sabia-se
que estava previsto os restos mortais do General Delgado, irem para o Mosteiro
dos Jerónimos e, por isso, deu entrada na Assembleia da República um pedido
para que o General fosse transladado para aí.
Como
não houve resposta, seria com orgulho que a Junta de Freguesia de Cela iria
promover no dia 25 de abril de 1999 a homenagem que Portugal devia a Humberto
Delgado. A Junta de Freguesia, a promotora deste acontecimento, agradeceu à população de Cela e
do Concelho de Alcobaça, o ânimo, a
coragem e o apoio para a realização de tão grande homenagem, com os restos
mortais já transladados.
-Um desentendimento entre as forças políticas representadas
na Assembleia Municipal de Alcobaça, levou a que a homenagem ao General
Humberto Delgado, prevista para o dia 25 de Abril de 2006, junto ao monumento
da autoria de José Aurélio, fosse realizada às 11h pelo PSD e repetida às 12h30
pelo PS e CDU. Em causa, segundo Daniel Adrião e Rogério Raimundo, esteve a
tradição que há longos anos manda que a homenagem ao General se realize por
volta do meio-dia, seguindo-se um almoço de confraternização.
Aconteceu
este ano uma comemoração insólita.
Cerca
das 11h, os presidentes da Câmara e da Assembleia Municipal de Alcobaça,
respetivamente Gonçalves Sapinho e Rui Perdigoto, acompanhados de alguns
militantes do PSD e de uma delegação do
Rancho Folclórico e Etnográfico Papoilas do Campo, depositaram uma coroa de
flores, junto ao monumento.
Apesar
da forte chuva e do vento, os jornalistas resolveram esperar a reedição da
cerimónia, duas horas mais tarde. Cerca das 12h30, vários automóveis começaram
a chegar, até que cerca das 13h, Rogério Raimundo (CDU), e Daniel Adrião (PS),
acompanhados de alguns apoiantes, e do Rancho Papoilas do Campo, saíram dos
automóveis que se foram concentrando no local e depositaram outra coroa de
flores junto ao monumento.
Iva
Vieira, responsável do Rancho, foi contundente nas críticas a Gonçalves Sapinho
considerando que este falhou e que o
desencontro foi inqualificável. No entanto, justificou a sua disponibilidade em comparecer a esta dupla celebração
afirmando que cabe ao Rancho receber qualquer presidente de Câmara. Junto ao monumento a Humberto Delgado, vou
as vezes que for preciso, pois a homenagem está acima destas questões.
Filha
de Joaquim Vieira, o promotor da escultura, entretanto falecido, Iva Vieira
considera que este não é um desencontro
com o Rancho, mas um desencontro do presidente da Câmara consigo próprio.
Daniel
Adrião, considerou que o 25 de Abril faz
parte do património histórico, pelo que devia ser um elo de ligação entre todos
os portugueses. Por isso, lamentou
que a Assembleia Municipal e a maioria PSD tenham tido uma atitude
divisionista.
Rogério
Raimundo, criticou a maioria laranja, nomeadamente Gonçalves Sapinho, que acusou de omitir algumas das principais
referências da revolução.
Cerca
de uma centena de pessoas compareceu ao almoço de confraternização organizado
pelo Rancho Folclórico e Etnográfico Papoilas do Campo, realizado na sua sede.
-A Assembleia
da República Portuguesa decidiu, a 19 de julho de 1988, que fosse feita a transladação dos
restos mortais de Humberto Delgado, do Cemitério
dos Prazeres, para o Panteão
Nacional, da
Igreja de Santa Engrácia, em Lisboa. A cerimónia aconteceu a 5 de Outubro de
1990, dia que se assinalava os
oitenta anos da Implantação
da República Portuguesa.
-A Casa Memorial Humberto Delgado foi
inaugurada em junho de 1998, em Boquilobo, numa sessão que foi presidida pelo
Presidente da República, Jorge Sampaio e na qual estiveram presentes diversas
individualidades civis e militares. Entre os presentes encontravam-se o
Presidente e Vereadores da Câmara Municipal de Torres Novas, Presidente da
Junta de Freguesia da Brogueira, o poeta deputado Manuel Alegre em
representação do Presidente da Assembleia da República, o Ministro da
Administração Interna, Alberto Costa em representação do Governo e do Primeiro-ministro,
a esposa e a filha do General Humberto Delgado e outras individualidades.
O
Concelho de Alcobaça fez-se representar pelo Presidente da Câmara e Vereadores,
Presidente da Assembleia Municipal, Presidente da Junta de Freguesia de
Alcobaça entre outros e um tradicional grupo de Alcobacenses que quiseram estar
presentes em mais uma homenagem ao General.
-O
cinquentenário da morte de Humberto Delgado foi assinalado no dia em que se
comemoraram 41 anos do 25 de Abril, junto ao monumento, na Cela Velha.
A
cerimónia de homenagem, que serviu também para reinaugurar a Praça Humberto
Delgado, que foi sujeita a trabalhos de melhoramento e requalificação, incluiu uma
interpretação do hino pela Academia de Música de Alcobaça, um
sobrevoo de aviões do Aero Clube de Leiria, a apresentação do livro Meu Pai, o General Sem Medo – Memórias – de
Iva Delgado, por Álvaro Laborinho Lúcio e ainda a leitura de excertos pelo
poeta Nuno Guedes.
Depois
da deposição de coroa de flores no monumento, seguiu-se um almoço na Praça
Humberto Delgado. Em Alcobaça, às 15 horas, foi deposta uma coroa de flores no
monumento do 25 de Abril, na Praça João de Deus Ramos para depois dar início, às
15, 30 horas, à Sessão Solene da Assembleia Municipal de Alcobaça, no auditório
da Biblioteca Municipal.
Nas comemorações
do 25 de Abril, o Município convidou a comunidade a participar na jornada Caminhar em Liberdade, de 6,5 km com
partida e chegada em frente ao Mosteiro de Alcobaça, a partir das 10:30
horas. À noite, o grupo T.A.P., de Pombal, apresentou a peça Romeu e Julieta, no Cineteatro de
Alcobaça.
-Trata-se
de um dia histórico para toda a comunidade, afirmou
Paulo Mateus, relembrando o foral atribuído em 1514, por D. Manuel I, no dia 18
de maio de 2014.
O Presidente da Junta salientou,
perante centenas de pessoas, que a partir de agora a circulação de viaturas e
pessoas poderá ser feita em segurança, pois a Rua Humberto Delgado era muito
estreita e apresentava perigos.
Paulo
Inácio, natural da Cela onde vive, afirmou que estamos num lugar que vem desde a génese da nossa querida nação. É uma
das freguesias que representa a grandiosidade do concelho.
O
autarca partilhou a ambição de colocar em destaque as referências manuelinas da
freguesia que devem ser limpas e colocadas à mostra.
No
mesmo dia (500 anos da freguesia da Cela) foram inauguradas as obras do altar
da Igreja Paroquial de Santo André da Cela, em cerimónia presidida pelo Bispo
Auxiliar de Lisboa D. Nuno Brás.
-O Rancho Folclórico e Etnográfico Papoilas
do Campo, da Cela Velha, assinalou, no dia 21 de agosto de 2016, o 40.º aniversário do monumento a Humberto
Delgado.
Para
comemorar a efeméride, a instituição organizou uma conversa com José Guilherme
de Abreu, José Bonifácio Serra, Frederico Delgado Rosa, José Aurélio, Alberto
Guerreiro e Iva Vieira. A Praça General Humberto Delgado voltou atrás no tempo
para a realização de uma merenda rural, em que não faltaram os descantes, bailaricos e jogos de tradicionais
-A Cela Velha, acolheu entre 25 de abril e 18 de setembro de
2016 na Praça Humberto Delgado, a exposição Fragmentos
de Liberdade. Humberto Delgado e A Cela: 40 anos dedicada à evocação das quatro
décadas do monumento a Humberto Delgado do escultor José Aurélio e do
arquiteto Artur Rocha.
A exposição comissariada por Alberto Guerreiro, Iva
Vieira e José Aurélio, assumiu-se como
uma instalação museográfica ao ar livre, evocativa do sentido histórico,
artístico e sociocultural inerente à edificação e permanência ao longo dos 40
anos do monumento ao General.
Percorrendo uma linha cronológica, a exposição documentou as
ocorrências e vicissitudes comunitárias da população em paralelo com o percurso
desta obra escultórica no momento da exaltação à figura de Humberto Delgado.
-Em fevereiro de 2015, por ocasião do 50º aniversário do
seu assassinato, a Camara
Municipal de Lisboa propôs ao governo Português a alteração
do nome do Aeroporto
de Lisboa para Aeroporto
Humberto Delgado. O governo aceitou a proposta e desde 15 de maio de
2016 que o Aeroporto
da Portela se
designa por Aeroporto Humberto Delgado, em cerimónia que contou com a presença
do Presidente da República, Primeiro-ministro e familiares do homenageado.
Na
Cela Velha a efeméride foi assinalada pelo Rancho Folclórico e Etnográfico
Papoilas do Campo que organizou um colóquio sobre Humberto Delgado, o 25 de Abril e a Liberdade, com a presença de individualidades,
civis, militares e da música.
-A
eletricidade chegou tardiamente à Cela, depois de Aljubarrota a primeira
freguesia do concelho ser eletrificada, e graças ao empenho de Delgado. Este era pessoa interessada nos
problemas da freguesia, pelo que não foi por acaso, o primeiro Presidente da Assembleia Geral da Associação
dos Beneficiários da Cela.
-Quando
na década de 1930, se pretendeu concretizar o Plano de Rega dos Campos da Cela, o governo quis lançar uma taxa
sobre os utentes, a qual foi considerada muito pesada e difícil de pagar.
Sabe-se que Delgado interveio junto do governo para a abolir, aliás era um especial interessado, dado
ser grande regante.
Mais
tarde, em meados dos anos de 1950, o governo pretendeu de novo introduzir uma
taxa aos regantes da Cela, mas desta vez foi o Pe. João de Sousa quem manobrou
com eficácia, no sentido de a iniciativa não se ter concretizado.
Delgado,
Manuel,
nasceu em 1944 no Casal
da Charneca, viveu os seus primeiros 19 anos no concelho de Alcobaça, tempo
suficiente para que tomasse o gosto pelo Ginásio Clube de Alcobaça.
Vi grandes jogos no antigo Campo das
Tábuas quando o clube ainda se chamava Desportivo Comércio e Indústria.
Tínhamos uma grande equipa com jogadores como o Adventino, o Saraiva ou o
Lourenço que depois foi jogar para o Sporting. Era um tempo em que muita gente
ia ao futebol.
Foi
para França para fugir ao serviço militar, tendo-se instalado a cerca de 150 km
de Paris, onde trabalhou na cerâmica, plásticos e elevadores. Os anos em que
esteve em França sensibilizaram-no para o problema dos emigrantes portugueses
tendo-se tornado, no primeiro
sindicalista não francês do país. Em
França passei os melhores anos da minha vida e sempre me habituei a trabalhar
muito e fazer várias coisas ao mesmo tempo. Desde que me reformei, sinto a
falta de um desafio e o Ginásio é um grande desafio. Quis ser Presidente do
Ginásio Clube de Alcobaça, pois entendo que o clube não se resume à equipa
sénior de futebol e que a formação e o futsal devem merecer igual atenção.
Defendo que a equipa de futebol em 2007 tem qualidade para ficar na terceira
divisão nacional. A época estava a
correr, bem mas alguma coisa aconteceu na parte final da temporada que fez com
que a equipa perdesse pontos. Tenho muita pena, segundo confessa, de ver o alheamento de pessoas relativamente
ao clube e fez-me muita confusão
assistir a assembleias com apenas 4 sócios. O clube está divorciado da
comunidade e isso tem de ser alterado para voltar a ser como dantes.
Não
muito conhecido em Alcobaça, Manuel Delgado ao candidatar-se dispôs-se a aceitar esse desafio sucedendo a Armando Bragança.
Tendo
apresentado a sua lista às eleições, aliás a única, foi eleito por unanimidade,
aliás com meia dúzia de presentes na
votação.
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