NO
TEMPO DE PESSOAS “IMPORTANTES” COMO NÓS
30
Anos da História de Alcobaça Contada através de Pessoas
D’Oliva
Monteiro, João Aníbal Campos e Silva, nasceu em Lisboa, a 4 maio 1923, filho de João d' Oliva
Monteiro (um dos principais responsáveis, se não o principal, pela construção
do Cineteatro de Alcobaça, que aliás tem o seu nome) e Alda Nazareth Campos e
Silva, irmão de José Eduardo Campos e Silva d’Oliva Monteiro e Alda Maria
Campos e Silva d’Oliva Monteiro.
Fez a Instrução Primária em Alcobaça, completou o Ensino
Liceal em regime de internato no Colégio S. João de Deus/Monte Estoril e a
Licenciatura em Medicina na Universidade de Lisboa.
Casado em 1947 com Elizabeth Filipe, na Igreja de Nª. Srª. de
Fátima, Lisboa, em 1949/1950 cumpriu um ano de internato no Memorial Hospital,
em Pawtucket, nos Estados Unidos da América.
Nos finais de 1950, após a morte de seu Pai, regressou a Alcobaça, onde
exerceu medicina na ainda vulgarmente chamada Rua da Svena e no Hospital da
Misericórdia. Foi também vinicultor, tendo gerido o armazém de vinhos e
derivados, herdado do Pai. Cinéfilo e sócio do Cineteatro de Alcobaça, assistia
à maioria dos filmes que ali eram projetados. Todos os anos, em Setembro,
viajava pela Europa de carro com a família.
Fez a
instrução primária em Alcobaça, depois estudou no Colégio do Estoril e
licenciou-se em Ciências Económicas e Financeiras no ano letivo de 1947-1948 na
Faculdade de Economia de Lisboa.
Começou
a trabalhar na Crisal, empresa de seu pai (João D’Oliva Monteiro), que apresentou nesse ano e pela primeira
vez, um balanço positivo.
Pouco
tempo depois, faleceu o pai.
Esteve
em Moçambique cerca de 12 anos durante os quais trabalhou com afinco,
conseguindo desse modo recuperar os bens da herança.
Regressou
em 1965/1966 e trabalhou cerca de dois anos em Lisboa.
Foi
convidado em 1967 para a SPAL, para exercer funções de administrador até morrer
em 1989, deixando uma marca profunda nos
familiares e amigos pelo exemplo de honestidade, trabalho, princípios e firmeza
de carácter, qualidades muito raras.
-Tinha
como interesses extraprofissionais a leitura, vela e golf.
D’Oliveira Martins, Guilherme Valdemar Pereira, nasceu a 23 de setembro de 1952.
Foi Presidente do Tribunal de Contas entre 2005 e 2015 e, por inerência, do Conselho de Prevenção da Corrupção, de 2008 a 2015. Desde 2003 é professor
catedrático convidado da Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
de Lisboa, e, desde 2008, também no Instituto
Superior de Ciências Sociais e Políticas, da Universidade de Lisboa. Foi Presidente do Centro Nacional de
Cultura entre 2002 e 2016. A 9 de outubro de 2015, foi cooptado como membro executivo do Conselho de
Administração da Fundação Gulbenkian, sucedendo a Eduardo Marçal Grilo, cargo que assumiu a 16 de novembro de 2015.
A corrupção é um vírus social que pode
afetar qualquer um,
disse no dia 27 abril 2015 no auditório da Escola Secundária D. Inês de Castro
de Alcobaça, onde foi dar uma aula aberta sobre corrupção, tendo como mote
Prevenir o futuro.
Depois
do visionamento de alguns filmes premiados e distinguidos no concurso Imagens contra a corrupção, realizados
por alunos, o Presidente do Conselho de
Prevenção de Corrupção referiu, aludindo a um dos vídeos, disse que a vida
não é um jogo que se pode reiniciar. Todos somos imperfeitos e vulneráveis à
corrupção, daí a necessidade de se criarem planos de prevenção, salientou,
acrescentando que o erro é uma forma de
tirar uma lição. Com o objetivo de demonstrar que todos os cidadãos têm voz
ativa no combate à corrupção, Oliveira Martins invocou, como exemplo, os
pinhais de Leiria que, nos séculos XIII e XIV, durante os reinados de D. Dinis
e D. Fernando, respetivamente, aquando da construção das embarcações, eram
controlados pelos povos, que não permitiam que fossem usados para outros fins.
Apesar de ainda não existir uma vacina
contra a corrupção, Oliveira Martins acredita, e parafraseando uma frase que
ouviu de um aluno, numa outra escola, que os
jovens não querem uma sociedade baseada na mentira e na batota. Para tal,
defende, que as leis têm de ser simples,
claras e poucas, porque em demasia tornam-se complexas e favorecem a corrupção.
A
sessão, organizada pelo Conselho de
Prevenção da Corrupção, em colaboração com a Rede de Bibliotecas escolares,
gerou curiosidade entre os alunos, que mostraram estar atentos aos problemas do
País.
Licenciado
em Ciências Histórico-filosófica, em Direito pela Universidade de Coimbra com o
curso complementar de Ciências Jurídicas, foi professor do Ensino Secundário,
Secretário do Governo Civil de Leiria (chegou a Leiria para esse efeito em
1958), Diretor da Colónia Prisional de Santa Cruz do Bispo, Conservador dos
Registos Civil e Predial, Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (de
15 de janeiro de 1986 a 30 de outubro de 1987), Provedor da Casa Pia de Lisboa
e Subdiretor Geral dos Serviços Prisionais. Também foi Procurador à Câmara
Corporativa em representação do Ministério da Justiça por nomeação do Conselho
Corporativo, entre 1961 e 1966, Governador Civil de Bragança, Governador Civil
de Leiria de novembro de 1969 a 28 de fevereiro de 1974, Presidente da
Assembleia Municipal de Leiria, depois do 25 de abril.
Como
Governador Civil de Leiria apoiou iniciativas para valorização e desenvolvimento
da Benedita, aonde tinha amigos, pelo que a Junta de Freguesia atribuiu o seu
nome a uma Praça no centro da localidade (recentemente
objeto de requalificação).
-Em
21 de outubro de 1973 foi inaugurada pelo Governador Civil de Leiria, um Padrão
comemorativo da visita de Caetano à Benedita, aonde fora colocada a sua efígie,
bem como um Parque Infantil, construído voluntariamente
pelos rapazes da Casa Pia.
Em
janeiro de 1974, a
Câmara Municipal de Alcobaça deliberou, por unanimidade e aclamação, agraciar
Damasceno de Campos, com a Medalha de Ouro do Município, dado haver cessado
funções, como Governador Civil.
Pela
mesma altura, foi decidido atribuir o nome de Damasceno de Campos, à praça na
Benedita aonde se encontrava implantado o padrão alusivo à visita de Caetano. A
Medalha de Ouro, de autoria de José Aurélio, anteriormente apenas fora
atribuída a Marcelo Caetano, Rui Sanches (Ministro das Obras Públicas), e a
Veiga Simão (Ministro da Educação). A cerimónia, realizou-se no Salão Nobre do
Governo Civil, encontrando-se presentes os principais dignitários do regime no
concelho de Alcobaça, com destaque para um grupo da Benedita.
Segundo refere quem o conheceu de perto, era pessoa aberta a novas ideias, desejoso de mudança, mas que nunca
chegou a desligar-se completamente do Estado Corporativo.
-Faleceu
a 27 de maio de 2013.
Foi um democrata. Aceitou com entusiasmo o 25 de Abril.
Participou em manifestações e sessões de esclarecimento organizadas por todas
as forças políticas.
Como pessoa
inteligente rapidamente se apercebeu que nem todos os movimentos que se iam
revelando se identificavam com a sua forma de estar na vida. Apregoavam amplas
liberdades, mas impunham que escolhesse um dos lados da barricada. Para o Zé
Damásio a opção era fácil. Escolheu a democracia e a tolerância como bandeiras e por
elas lutou em todas as reuniões e manifestações em que participou, com
entusiasmo e coragem. Houve eleições. Fez propaganda. Concorreu a Junta de
freguesia em várias eleições, fez parte do executivo em dois mandatos e
da respetiva Assembleia durante muitos anos. Concorreu também a
Assembleia Municipal, sempre pelo PPD/PSD.
De acordo com Vítor Carneiro, que aliás tinha idade para ser
seu filho, com os seus companheiros de
partido lutou, sem qualquer compensação, pela realização das infraestruturas
básicas, abastecimento de água, saneamento, cemitério, sede da Junta, caminhos,
jardim de infantil e inúmeras obras de que a sede da freguesia e os diversos
lugares que a constituem careciam. Pela sua maneira de ser comunicativa, leal e
democrática, foi um cidadão enorme na sua modéstia e um companheiro exemplar.
-Faleceu a 1 de Novembro de 1993.
Delgado,
Alexandre, nasceu em 1965 em Lisboa (filho de Iva Delgado, neto do
Gen. Humberto Delgado) e estudou violino e música de câmara na Fundação Musical
dos Amigos das Crianças, tendo obtido os diplomas do curso geral do
Conservatório Nacional, em 1983.
Em
composição, foi aluno (particular) de Joly Braga Santos, de 1981 a 1985, e
estudou com Jacques Charpentier no Conservatório de Nice entre 1986 e 1989
(como bolseiro da SEC), aí se diplomando com o 1º prémio do Curso Superior de
Composição.
Como
violetista, estudou com Barbara Friedhoff e venceu em 1987 o prémio Jovens
Músicos, tendo-se diplomado também em França com um 1º prémio e sido membro da
Orquestra Juvenil da Comunidade Europeia. Em 1989, foi convidado a trabalhar na
Antena 2 como realizador. Dois anos depois ingressou na Orquestra Gulbenkian,
onde permaneceu como viola tutti, até 1995.
Mantendo
desde então a composição como atividade principal, foi, paralelamente, crítico
musical do jornal Público durante vários anos (entre 1992 e 2002) e autor do
programa A Propósito da Música na Antena 2, dedicando-se ainda à música de
câmara.
É
autor dos livros A Sinfonia em Portugal,
A Culpa é do Maestro e Luís de
Freitas Branco. Assinou o programa A
Propósito da Música na Antena 2
durante 17 anos, até 2013. Diretor artístico do Cistermúsica desde 2002,
integrou o Quarteto Lacerda (1990-2006) e é desde 2005 membro do Quarteto com Piano de Moscovo, com o
qual realiza temporadas anuais em Cascais. Dirige a Orquestra Juvenil da FMAC
desde 2013 e é free-lancer como instrumentista, maestro e comentador de
concertos.
Profundo
conhecedor do panorama musical nacional e internacional, Delgado prometeu, e
tem conseguido, marcar a diferença pela coerência e excelência da programação
do Cistermúsica.
-A
sinfonia atingiu em Portugal uma qualidade e uma singularidade em flagrante
contraste com a invisibilidade que a nossa sociedade lhe confere, desde a
origem.
As
catorze sinfonias de João Domingos Bomtempo (1775-1842), Viana da Mota
(1868-1948), Luís de Freitas Branco (1890-1955), Joly Braga Santos (1924-1988)
e Fernando Lopes-Graça (1906-1994) constituem um corpus valioso, que noutro país faria regularmente parte dos
programas de concertos, seria estudado por especialistas e apreciado pelos
melómanos. Em Portugal raramente se ouve,
ninguém o estuda, poucos o conhecem.
A Sinfonia em Portugal, é a primeira visão de conjunto sobre o
tema. Tendo como ponto de partida as emissões do programa A Propósito da
Música, na Antena 2, destina-se
tanto a músicos como ao público em geral. O panorama que aqui se descreve é
inesperado num país meridional e com poucas raízes na música orquestral pura. Passados os traumas do salazarismo
e os fundamentalismos vanguardistas, quem sabe se não estamos na altura ideal
para descobrir a espantosa riqueza das nossas sinfonias.
Segundo
Rui Vieira Nery é um excelente trabalho sobre a Sinfonia em Portugal, que
vem constituir uma verdadeira lança em África neste terreno tão pouco
trabalhado dos estudos sobre a História da Música em Portugal nos séculos XIX e
XX.
A vida musical portuguesa na última
década do século XX oscilou entre momentos de trevas e de euforia, entre a
destruição intencional das orquestras e ópera nacionais e a exuberância de uma
oferta artística cosmopolita. Para um povo de memória curta, reviver esse passado
através da crítica de Alexandre Delgado é uma forma de compreender o lugar da
música erudita no pulsar de uma nação, enquanto barómetro da sua vitalidade
cultural. Mais do que uma viagem de curiosidade a um fin-de-siècle que nos diz
respeito de tão perto, com o seu desfile de divas e maestros, de solistas,
orquestras e compositores, trata-se de aprofundar o próprio significado das
manifestações musicais e das políticas culturais. Num estilo acutilante e
quantas vezes hilariante, Delgado mostra, contrariamente ao sugerido no título,
que nem sempre a culpa é do maestro, no que de pior e de melhor ocorre nos
pequenos e grandes palcos de Portugal.
Alexandre
Delgado, lançou no dia 21 de maio de 2007, no foyer do Teatro Nacional de São Carlos, o livro Luís de Freitas Branco,
concebido
em parceria com Ana Telles e Nuno Bettencourt Mendes,
e apresentado pelo
musicólogo Rui Vieira Nery. No evento foi executado um excerto do Quarteto
de Cordas, de Luís de Freitas Branco pelo Quarteto Lacerda, que
havia interpretado integralmente esse peça na Sala do Capítulo do Mosteiro de
Alcobaça, em 15 de Maio de 2005, durante o XIII Cistermúsica, que nesse ano comemorou o cinquentenário do
falecimento daquele compositor português.
-Alexandre
Delgado foi o único Português que participou como convidado no 1º Congresso sobre Restauro e Conservação de
Bens Culturais e Ambientais do Mediterrâneo, realizado em Catania na
Sicília (Itália) em julho de 2002. A organização foi do Ministério da Cultura,
de Itália e contou com o patrocínio da UNESCO além de outras prestigiadas
instituições. O Professor da Unidade de Artes e Letras da Universidade da Beira
Interior, integrado no painel Recuperação
Ambiental dos Sítios Urbanos e Naturais, apresentou a comunicação A Recuperação Arquitetónica das Aldeias
Históricas da Beira lnterior no âmbito mediterrâneo. Estiveram
representados os países mais destacados com património e individualidades que
se têm destacado no âmbito da investigação desta área. Também como convidado
participou num Curso de Verão que abordou A situação socioeconómica na lberoamérica
depois da crise da Argentina na Universidade de Navarra (Espanha) onde
apresentou um seminário sobre A situação
socioeconómica no Brasil. Nele estiveram presentes especialistas da área
económica e da história económica e gestão cultural da América Latina.
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