quinta-feira, 17 de janeiro de 2019




NO TEMPO DE PESSOAS “IMPORTANTES” COMO NÓS
30 Anos da História de Alcobaça Contada através de Pessoas




D’Oliva Monteiro, João Aníbal Campos e Silva, nasceu em Lisboa, a 4 maio 1923, filho de João d' Oliva Monteiro (um dos principais responsáveis, se não o principal, pela construção do Cineteatro de Alcobaça, que aliás tem o seu nome) e Alda Nazareth Campos e Silva, irmão de José Eduardo Campos e Silva d’Oliva Monteiro e Alda Maria Campos e Silva d’Oliva Monteiro.
Fez a Instrução Primária em Alcobaça, completou o Ensino Liceal em regime de internato no Colégio S. João de Deus/Monte Estoril e a Licenciatura em Medicina na Universidade de Lisboa.
Casado em 1947 com Elizabeth Filipe, na Igreja de Nª. Srª. de Fátima, Lisboa, em 1949/1950 cumpriu um ano de internato no Memorial Hospital, em Pawtucket, nos Estados Unidos da América.  Nos finais de 1950, após a morte de seu Pai, regressou a Alcobaça, onde exerceu medicina na ainda vulgarmente chamada Rua da Svena e no Hospital da Misericórdia. Foi também vinicultor, tendo gerido o armazém de vinhos e derivados, herdado do Pai. Cinéfilo e sócio do Cineteatro de Alcobaça, assistia à maioria dos filmes que ali eram projetados. Todos os anos, em Setembro, viajava pela Europa de carro com a família.
D'Oliva Monteiro, José Eduardo Campos e Silva, nasceu a 15 de dezembro de 1924.  
Fez a instrução primária em Alcobaça, depois estudou no Colégio do Estoril e licenciou-se em Ciências Económicas e Financeiras no ano letivo de 1947-1948 na Faculdade de Economia de Lisboa.
Começou a trabalhar na  Crisal, empresa de seu pai (João D’Oliva Monteiro), que apresentou nesse ano e pela primeira vez, um balanço positivo.  
Pouco tempo depois, faleceu o pai.
Viu-se forçado a ir para Moçambique onde desempenhou funções de administrador financeiro.
Esteve em Moçambique cerca de 12 anos durante os quais trabalhou com afinco, conseguindo desse modo recuperar os bens da herança.
Regressou em 1965/1966 e trabalhou cerca de dois anos em Lisboa.
Foi convidado em 1967 para a SPAL, para exercer funções de administrador até morrer em 1989, deixando uma marca profunda nos familiares e amigos pelo exemplo de honestidade, trabalho, princípios e firmeza de carácter, qualidades muito raras.
-Tinha como interesses extraprofissionais a  leitura, vela e golf.
D’Oliveira Martins, Guilherme Valdemar Pereira, nasceu a 23 de setembro de 1952.
Foi Presidente do Tribunal de Contas entre 2005 e 2015 e, por inerência, do Conselho de Prevenção da Corrupção, de 2008 a 2015. Desde 2003 é professor catedrático convidado da Faculdade de Direito da Universidade Lusíada de Lisboa, e, desde 2008, também no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, da Universidade de Lisboa. Foi Presidente do Centro Nacional de Cultura entre 2002 e 2016. A 9 de outubro de 2015, foi cooptado como membro executivo do Conselho de Administração da Fundação Gulbenkian, sucedendo a Eduardo Marçal Grilo, cargo que assumiu a 16 de novembro de 2015. 
A corrupção é um vírus social que pode afetar qualquer um, disse no dia 27 abril 2015 no auditório da Escola Secundária D. Inês de Castro de Alcobaça, onde foi dar uma aula aberta sobre corrupção, tendo como mote Prevenir o futuro.
Depois do visionamento de alguns filmes premiados e distinguidos no concurso Imagens contra a corrupção, realizados por alunos, o Presidente do Conselho de Prevenção de Corrupção referiu, aludindo a um dos vídeos, disse que a vida não é um jogo que se pode reiniciar. Todos somos imperfeitos e vulneráveis à corrupção, daí a necessidade de se criarem planos de prevenção, salientou, acrescentando que o erro é uma forma de tirar uma lição. Com o objetivo de demonstrar que todos os cidadãos têm voz ativa no combate à corrupção, Oliveira Martins invocou, como exemplo, os pinhais de Leiria que, nos séculos XIII e XIV, durante os reinados de D. Dinis e D. Fernando, respetivamente, aquando da construção das embarcações, eram controlados pelos povos, que não permitiam que fossem usados para outros fins. Apesar de ainda não existir uma vacina contra a corrupção, Oliveira Martins acredita, e parafraseando uma frase que ouviu de um aluno, numa outra escola, que os jovens não querem uma sociedade baseada na mentira e na batota. Para tal, defende, que as leis têm de ser simples, claras e poucas, porque em demasia tornam-se complexas e favorecem a corrupção.
A sessão, organizada pelo Conselho de Prevenção da Corrupção, em colaboração com a Rede de Bibliotecas escolares, gerou curiosidade entre os alunos, que mostraram estar atentos aos problemas do País.
Damasceno Campos, José, nasceu a 16 de dezembro de 1927 em Frechas/Mirandela.
Licenciado em Ciências Histórico-filosófica, em Direito pela Universidade de Coimbra com o curso complementar de Ciências Jurídicas, foi professor do Ensino Secundário, Secretário do Governo Civil de Leiria (chegou a Leiria para esse efeito em 1958), Diretor da Colónia Prisional de Santa Cruz do Bispo, Conservador dos Registos Civil e Predial, Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (de 15 de janeiro de 1986 a 30 de outubro de 1987), Provedor da Casa Pia de Lisboa e Subdiretor Geral dos Serviços Prisionais. Também foi Procurador à Câmara Corporativa em representação do Ministério da Justiça por nomeação do Conselho Corporativo, entre 1961 e 1966, Governador Civil de Bragança, Governador Civil de Leiria de novembro de 1969 a 28 de fevereiro de 1974, Presidente da Assembleia Municipal de Leiria, depois do 25 de abril.
Como Governador Civil de Leiria apoiou  iniciativas para valorização e desenvolvimento da Benedita, aonde tinha amigos, pelo que a Junta de Freguesia atribuiu o seu nome a uma Praça no centro da localidade (recentemente objeto de requalificação).
-Em 21 de outubro de 1973 foi inaugurada pelo Governador Civil de Leiria, um Padrão comemorativo da visita de Caetano à Benedita, aonde fora colocada a sua efígie, bem como um Parque Infantil, construído voluntariamente pelos rapazes da Casa Pia.
Em janeiro de 1974, a Câmara Municipal de Alcobaça deliberou, por unanimidade e aclamação, agraciar Damasceno de Campos, com a Medalha de Ouro do Município, dado haver cessado funções, como Governador Civil.
Pela mesma altura, foi decidido atribuir o nome de Damasceno de Campos, à praça na Benedita aonde se encontrava implantado o padrão alusivo à visita de Caetano. A Medalha de Ouro, de autoria de José Aurélio, anteriormente apenas fora atribuída a Marcelo Caetano, Rui Sanches (Ministro das Obras Públicas), e a Veiga Simão (Ministro da Educação). A cerimónia, realizou-se no Salão Nobre do Governo Civil, encontrando-se presentes os principais dignitários do regime no concelho de Alcobaça, com destaque para um grupo da Benedita.
Segundo refere quem o conheceu de perto, era pessoa aberta a novas ideias, desejoso de mudança, mas que nunca chegou a desligar-se completamente do Estado Corporativo.
-Faleceu a 27 de maio de 2013.
Damásio, José Ferreira, nasceu a 27 de Fevereiro de 1929 em Évora de Alcobaça, onde residia.
Foi um democrata. Aceitou com entusiasmo o 25 de Abril. Participou em manifestações e sessões de esclarecimento organizadas por todas as forças políticas.
Como pessoa inteligente rapidamente se apercebeu que nem todos os movimentos que se iam revelando se identificavam com a sua forma de estar na vida. Apregoavam amplas liberdades, mas impunham que escolhesse um dos lados da barricada. Para o Zé Damásio a opção era fácil. Escolheu a democracia e a tolerância como bandeiras e por elas lutou em todas as reuniões e manifestações em que participou, com entusiasmo e coragem. Houve eleições. Fez propaganda. Concorreu a Junta de freguesia  em várias eleições, fez parte do executivo em dois mandatos e da respetiva  Assembleia durante muitos anos. Concorreu também a Assembleia Municipal, sempre pelo PPD/PSD.
De acordo com Vítor Carneiro, que aliás tinha idade para ser seu filho, com os seus companheiros de partido lutou, sem qualquer compensação, pela realização das infraestruturas básicas, abastecimento de água, saneamento, cemitério, sede da Junta, caminhos, jardim de infantil e inúmeras obras de que a sede da freguesia e os diversos lugares que a constituem careciam. Pela sua maneira de ser comunicativa, leal e democrática, foi um cidadão enorme na sua modéstia e um companheiro exemplar.
-Faleceu a 1 de Novembro de 1993.
Delgado, Alexandre, nasceu em 1965 em Lisboa (filho de Iva Delgado, neto do Gen. Humberto Delgado) e estudou violino e música de câmara na Fundação Musical dos Amigos das Crianças, tendo obtido os diplomas do curso geral do Conservatório Nacional, em 1983.
Em composição, foi aluno (particular) de Joly Braga Santos, de 1981 a 1985, e estudou com Jacques Charpentier no Conservatório de Nice entre 1986 e 1989 (como bolseiro da SEC), aí se diplomando com o 1º prémio do Curso Superior de Composição.
Como violetista, estudou com Barbara Friedhoff e venceu em 1987 o prémio Jovens Músicos, tendo-se diplomado também em França com um 1º prémio e sido membro da Orquestra Juvenil da Comunidade Europeia. Em 1989, foi convidado a trabalhar na Antena 2 como realizador. Dois anos depois ingressou na Orquestra Gulbenkian, onde permaneceu como viola tutti, até 1995.
Mantendo desde então a composição como atividade principal, foi, paralelamente, crítico musical do jornal Público durante vários anos (entre 1992 e 2002) e autor do programa A Propósito da Música na Antena 2, dedicando-se ainda à música de câmara.
É autor dos livros A Sinfonia em Portugal, A Culpa é do Maestro e Luís de Freitas Branco. Assinou o programa A Propósito da Música na Antena 2 durante 17 anos, até 2013. Diretor artístico do Cistermúsica desde 2002, integrou o Quarteto Lacerda (1990-2006) e é desde 2005 membro do Quarteto com Piano de Moscovo, com o qual realiza temporadas anuais em Cascais. Dirige a Orquestra Juvenil da FMAC desde 2013 e é free-lancer como instrumentista, maestro e comentador de concertos.
Profundo conhecedor do panorama musical nacional e internacional, Delgado prometeu, e tem conseguido, marcar a diferença pela coerência e excelência da programação do Cistermúsica.
-A sinfonia atingiu em Portugal uma qualidade e uma singularidade em flagrante contraste com a invisibilidade que a nossa sociedade lhe confere, desde a origem.
As catorze sinfonias de João Domingos Bomtempo (1775-1842), Viana da Mota (1868-1948), Luís de Freitas Branco (1890-1955), Joly Braga Santos (1924-1988) e Fernando Lopes-Graça (1906-1994) constituem um corpus valioso, que noutro país faria regularmente parte dos programas de concertos, seria estudado por especialistas e apreciado pelos melómanos. Em Portugal raramente se ouve, ninguém o estuda, poucos o conhecem.
A Sinfonia em Portugal, é a primeira visão de conjunto sobre o tema. Tendo como ponto de partida as emissões do programa A Propósito da Música, na Antena 2, destina-se tanto a músicos como ao público em geral. O panorama que aqui se descreve é inesperado num país meridional e com poucas raízes na música orquestral pura. Passados os traumas do salazarismo e os fundamentalismos vanguardistas, quem sabe se não estamos na altura ideal para descobrir a espantosa riqueza das nossas sinfonias.
Segundo Rui Vieira Nery é um excelente trabalho sobre a Sinfonia em Portugal, que vem constituir uma verdadeira lança em África neste terreno tão pouco trabalhado dos estudos sobre a História da Música em Portugal nos séculos XIX e XX.
A vida musical portuguesa na última década do século XX oscilou entre momentos de trevas e de euforia, entre a destruição intencional das orquestras e ópera nacionais e a exuberância de uma oferta artística cosmopolita. Para um povo de memória curta, reviver esse passado através da crítica de Alexandre Delgado é uma forma de compreender o lugar da música erudita no pulsar de uma nação, enquanto barómetro da sua vitalidade cultural. Mais do que uma viagem de curiosidade a um fin-de-siècle que nos diz respeito de tão perto, com o seu desfile de divas e maestros, de solistas, orquestras e compositores, trata-se de aprofundar o próprio significado das manifestações musicais e das políticas culturais. Num estilo acutilante e quantas vezes hilariante, Delgado mostra, contrariamente ao sugerido no título, que nem sempre a culpa é do maestro, no que de pior e de melhor ocorre nos pequenos e grandes palcos de Portugal.
Alexandre Delgado, lançou no dia 21 de maio de 2007, no foyer  do Teatro Nacional de São Carlos, o livro Luís de Freitas Branco, concebido em parceria com Ana Telles e Nuno Bettencourt Mendes, e apresentado pelo musicólogo Rui Vieira Nery. No evento foi executado um excerto do Quarteto de Cordas, de Luís de Freitas Branco pelo Quarteto Lacerda, que havia interpretado integralmente esse peça na Sala do Capítulo do Mosteiro de Alcobaça, em 15 de Maio de 2005, durante o XIII Cistermúsica, que nesse ano comemorou o cinquentenário do falecimento daquele compositor português.
-Alexandre Delgado foi o único Português que participou como convidado no 1º Congresso sobre Restauro e Conservação de Bens Culturais e Ambientais do Mediterrâneo, realizado em Catania na Sicília (Itália) em julho de 2002. A organização foi do Ministério da Cultura, de Itália e contou com o patrocínio da UNESCO além de outras prestigiadas instituições. O Professor da Unidade de Artes e Letras da Universidade da Beira Interior, integrado no painel Recuperação Ambiental dos Sítios Urbanos e Naturais, apresentou a comunicação A Recuperação Arquitetónica das Aldeias Históricas da Beira lnterior no âmbito mediterrâneo. Estiveram representados os países mais destacados com património e individualidades que se têm destacado no âmbito da investigação desta área. Também como convidado participou num Curso de Verão que abordou A situação socioeconómica na lberoamérica depois da crise da Argentina na Universidade de Navarra (Espanha) onde apresentou um seminário sobre A situação socioeconómica no Brasil. Nele estiveram presentes especialistas da área económica e da história económica e gestão cultural da América Latina.

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