quinta-feira, 17 de janeiro de 2019







NO TEMPO DE PESSOAS “IMPORTANTES” COMO NÓS
50 Anos da História de Alcobaça Contada através de Pessoas



Dionísio, José F., natural de Carrascas, é agricultor desde sempre, porque a família também sempre trabalhou nas terras.
Antes de ser Presidente da Junta (eleito em lista do PSD), foi Tesoureiro.
Dionísio considerava o cargo de Presidente exigente mas com vontade tudo se faz.
-Da Cela cumpre destacar o datado de 1514, adquirido sendo Presidente da Junta de Freguesia, Francisco Leonardo Eusébio (de cujo executivo Dionísio fazia parte), num emocionante leilão em Lisboa, a 18 de abril de 2001, graças também ao forte interesse manifestado por Gonçalves Sapinho, que desenvolveu influências, nomeadamente junto de potenciáveis interessados e arranjou verbas. Nesta aquisição teve participação meritória, a vereadora Alcina Gonçalves e Tarcísio Trindade que dissuadiu bibliotecários de Lisboa. Este documento é considerado muito importante para a história do municipalismo e do direito português e o grande orgulho da freguesia. Os Forais Novos ou Manuelinos foram um dos acontecimentos mais importantes da história destas localidades pertencentes ao antigo termo do Couto de Alcobaça, uma vez que constituíram uma verdadeira base jurídica legitimadora da ação de cada município, dando-lhe mais autonomia no domínio político e administrativo, acrescentando-lhe também a garantia do usufruto de direitos e de privilégios dos seus habitantes. As suas gentes ficavam, deste modo, mais protegidas pelo poder régio de eventuais abusos do senhorio abacial. Os Forais Manuelinos regulamentavam, em geral, a vida económica das populações, fixando os impostos e uniformizando os padrões dos pesos e medidas. Afirmavam, ainda, as liberdades, as isenções e os privilégios de foro social e jurídico dos vizinhos de cada concelho.
Domingos, José da Silva, nasceu na Vestiaria e aí viveu até aos 23 anos.
Aos 38 anos e já com vasto curriculum, foi nomeado secretário de Estado da Marinha Mercante, no IV Governo. Licenciado em Finanças pelo ISTF de Lisboa, em 1967,desempenhou funções de administração e gestão em várias empresas de Moçambique e em Portugal. Realizou cursos de pós-graduação sobre gestão de empresas e participou em reuniões internacionais sobre transportes.
Domingues, António Rosa Henriques, mais conhecido apenas por António Rosa, nascido no Casal da Ferraria/Maiorga no dia 9 de abril de 1933, foi das personalidades proeminentes na história da Maiorga, na segunda metade do Séc.  XX.
António Rosa, apenas António Rosa, é assim conhecido. Desta forma, presta homenagem a mulher que o deu à luz, Emília Rosa. Uma mulher corajosa e lutadora que cedo teve de agarrar a vida sozinha, após a partida prematura do marido.
Ficará perpetuado na sua terra pela obra construída, pela dedicação às atividades culturais e religiosas e pela humildade de saber escutar e aconselhar. Homem ocupado, mas sempre com tempo disponível para os outros e para a sua Terra.
Nasceu com um dom especial, a sensibilidade das mãos que transmitiam a arte com que foi dotado. Desde pequeno, moldava o barro de uma forma que enchia os pais de vaidade. E assim moldou a vida. A pintura, o desenho, a música, a modelação do barro e a paixão por tudo o que fazia, tornaram-no num ser muito acarinhado e respeitado.
Aos 11 anos, doente em casa, dedicou-se ao desenho a carvão de passagens bíblicas. Sem qualquer estudo ou apoio na arte do desenho, com essa idade criou o que possivelmente ainda hoje é a sua obra-prima, pela mestria demonstrada no detalhe e rigor dos traços.
Cedo iniciou a atividade profissional, que se tornaria o alicerce da sua vida, a Cerâmica. Aprendeu com os primeiros mestres de Raúl da Bernarda, em cuja fábrica trabalhou cerca de 7 anos e rapidamente os suplantou, tornando-se numa referência de prestígio na respetiva indústria de Alcobaça. Criou a sua primeira empresa em 1965 (Facerama) que liderou até 1988, quando a decidiu abandonar e criar uma outra conjuntamente com os filhos. Em sua homenagem, o grande mestre, os filhos quiseram perpetuar o seu nome na empresa criada a António Rosa-Cerâmicas. Na António Rosa-Cerâmicas, fundada em 1988, trabalha a família deste homem, que aos 82 anos continua a trabalhar das 7 às 16h30 horas.
Segundo um filho dos filhos (António Rosa com 20 anos casou com Maria Alice da Piedade e de quem teve três filhos), homem de grande fé, sempre tomou como referência os ensinamentos de Cristo. Foi através da música que se sentia mais próximo Dele, e muito novo incutiu em si mesmo a grande necessidade de aprender e aprofundar a música sacra. Mais de 70 anos a tocar e a cantar nos coros religiosos, fizerem dele um verdadeiro embaixador de Cristo pela música e pelo canto.
A mestria no domínio das teclas, fez dele também professor, tendo sido muitos os que de forma generosa e altruísta ensinou e partilhou os ensinamentos de dedicação à arte musical. Não só aprendeu a tocar órgão, como durante várias décadas, foi o organista do Mosteiro de Alcobaça e pertenceu a vários coros.
A disponibilidade para a Terra, a honestidade e a confiança que transmite, levou-o a ser obrigado a dirigir os destinos da Freguesia, como Presidente de Junta nos anos de 1967 a 1971. Interpelado por quem o convidou a ocupar o cargo, não esqueceu a frase que lhe foi dita ao ouvido tens que aceitar, se não o fizeres ficas marcado como sendo contra o regime.
Nunca quis ser político, apesar de mais tarde, por ser um apoiante convicto de Sá Carneiro, ter aceite a candidatura a Presidente de Junta. Não ganhou as eleições, mas porque os partidos e a política não eram fundamentais para a dedicação à Terra, nem por isso deixou de trabalhar para a mesma e os outros, independentemente das ideologias ou das lideranças existentes.
Hoje, depois de muitos anos de trabalho árduo, a Maiorga orgulha-se de ter um Salão Paroquial digno, com condições para a catequese e atividades do Agrupamento de Escuteiros, do qual também foi fundador e uma Casa Mortuária.
A pintura, a música, a religião, a cerâmica e a Maiorga muito ganharam com o Senhor António, um exemplo que se define numa palavra: paixão.
Católico praticante, encontra em Deus as respostas da vida. Quando estou a dois minutos da eternidade, posso dizer que valeu a pena. A maior felicidade é saber que deu para mim e para os outros.
-A marca Byfly, da António Rosa – Cerâmicas, recebeu uma menção honrosa no Prémio Alemão de Design, uma competição que identifica e premeia o design, orientando as tendências para o próximo ano. Foi com a coleção Circus que a marca alcobacense ganhou o German Design Award Special Mention 2017.
Para a designer Joana Godinho, este prémio vem precisamente reconhecer a aposta no design, na qualidade e na imagem que temos construído com a marca Byfly.
Domingues, Maria Rosa Baptista Sousa, nasceu na Maiorga em 27 de Novembro de 1953, onde vive.
Revela que é natural e residente em Maiorga, concelho de Alcobaça, casada, mãe de uma filha e avó de dois netos lindos.
Advogada de profissão, trabalhei durante dezenas de anos na Saúde, primeiro a nível local e depois a nível distrital.
Desde muito cedo que me dediquei ao trabalho comunitário como hobby, tanto a nível cultural, na Orquestra Típica e Coral de Maiorga, teatro no Salão Paroquial, como a nível da vertente do associativismo, do social e do político.
Ainda jovem estive inserida no grupo dinamizador/impulsionador da criação do CBES ao lado de figuras reconhecidas da nossa terra, nomeadamente, entre outros, António Barbosa Guerra, José Eduardo André (que já partiram) e de António Rosa que mais tarde viria a ser meu sogro (felizmente ainda hoje entre nós).
Foi e é para mim um prazer, que considero um dever, trabalhar em prol do “outro“.
Sempre que fui ou sou convidada integrei/integro os órgãos sociais das associações tanto na minha aldeia, como sejam a Sociedade Filarmónica Maiorguense e o Centro de Bem Estar Social de Maiorga, como fora dela, como o Alcobaça Clube de Ciclismo, Associação Amigos de Cister (cujo objetivo era promoção de hábitos de vida saudáveis, de prevenção de toxicodependências e apoio a grupos desfavorecidos) e a Fundação Manuel Francisco Clérigo em S. Martinho do Porto, para onde fui convidada pelo então Governador Civil Prof. Paiva de Carvalho.
Mas se nas Instituições/Associações os mandatos são intercalados, o trabalho a nível da Igreja tem atravessado toda a minha vida. Desde sempre fui e sou uma católica praticante e é pelos valores da Igreja católica que tento pautar a minha vida. Aqui já desempenhei praticamente todas as funções que na Igreja Católica são permitidas a mulheres: catequese, grupo coral, leitores, formação, conselho pastoral, comissão de festas, comissão de obras, conselho económico e ministro extraordinário da comunhão.
Por este meu percurso de vida passou também a vertente política. E depois de ter sido Presidente da Assembleia de Freguesia de Maiorga durante 7 anos, fui Presidente da Junta de Freguesia durante 9 anos e também candidata por 2 vezes nas eleições legislativas e três vezes integrei a lista de candidatos à Camara Municipal de Alcobaça.
Hoje, quando o peso dos anos já começa a contar, para além da advocacia, mantenho ainda esta vontade de servir e trabalhar para o meu próximo continuando orgulhosamente a integrar os órgãos sociais do CBES, ACC e FMFC assim como mantenho a minha vida ativa na Igreja Católica.
Como mulher, nunca senti que o sexo fosse um obstáculo à minha vivência associativa, social ou política mas quero aqui deixar um reconhecimento ao meu marido, companheiro de há 41 anos que sempre entendeu a minha filosofia de vida da qual também partilha e sempre me apoiou e incentivou.
-Fez parte da Comissão de Honra da candidatura de Manuel Alegre, às eleições presidenciais de 2011.
-O Partido Socialista venceu em 12 de setembro de 2004 as eleições intercalares para a freguesia da Maiorga, revalidando a sua maioria absoluta. O PS conquistou a assembleia de freguesia com 579 votos. Seguiu-se o PSD com 263 votos e a CDU com 142.
-A Junta de Freguesia de Maiorga, acolheu, no dia 24 de Agosto de 2009, a 13.ª edição do Conversas Públicas.
Esta iniciativa contou com a presença de, entre outros, Rogério Raimundo, cabeça de lista da CDU à Câmara de Alcobaça, de Basílio Martins, terceiro da lista à autarquia, de Gualdino Fróis, candidato à Assembleia de Freguesia de Maiorga e a presidente da Junta de Freguesia, Rosa Domingues
A temática em discussão centrou-se no desenvolvimento da Freguesia de Maiorga e de todos os seus lugares, tendo sido abordados assuntos que passaram pela criação de um museu que permita preservar a história e a tradição da fiação, pelo apoio às diversas coletividades culturais e desportivas, pela situação das escolas primárias da Freguesia, pela deficiente circulação dos transportes públicos e a ineficiência dos abrigos das paragens e pelo desenvolvimento e implementação de projetos de âmbito social.
Nas Conversas Públicas debateu-se, um modelo de Feira de São Bernardo, num formato que abrangesse mais dias, com um espaço físico mais alargado, com melhores condições higiénico-sanitárias e que desse maior visibilidade às freguesias.
-Um Pai Natal feito de luzes foi, em 2012, o símbolo do comércio tradicional da Maiorga. Há oito anos que a Junta de Freguesia e os comerciantes organizam um sorteio, na época natalícia, para incentivar o negócio.
A Maiorga foi enfeitada nas ruas e nas principais estruturas históricas com materiais reutilizados e iluminação. Várias árvores de Natal e outros enfeites são construídos com sacos e garrafas de plástico, latas e outros objetos que à partida seriam lixo. Para Rosa Domingues, é importante preservar o meio ambiente e estar atentos às maldades dos cidadãos. A presidente quis destacar que muitos dos materiais utilizados para embelezar a terra foram recolhidos, junto aos contentores do lixo, pelos funcionários da Junta de Freguesia.
Um dos motivos de satisfação para Rosa Domingues é a poupança alcançada com o custo zero dos enfeites de Natal, conjugada com uma aldeia muito enfeitada. No âmbito da iniciativa  que envolve cerca de 40 comerciantes, cada um  tem um Natal luminoso à porta do seu estabelecimento, assinalando a sua participação no projeto do comércio tradicional
-A Junta de Freguesia da Maiorga organizou o 3º Dia Ecológico, no dia 1 de Maio, de 2013.
A novidade desse ano foi a realização da Maior(ga) corrida de carros do mundo, que teve como percurso a estrada principal da povoação, uma descida de 800 metros.
-É nora de António Rosa Domingues.
Dinis, José Soares, natural e residente na Martingança, faleceu a 11 de janeiro de 2002.
Foi autarca/ tesoureiro em Pataias (um mandato), sendo presidente Horácio Ribeiro e depois 3 mandatos como tesoureiro da Junta de Freguesia da Martingança, entre 1985 e 1997, sendo Presidente Fernando Vitorino, de cuja Junta se afastou por motivo de doença. Após o falecimento, os autarcas da Martingança vieram homenageá-lo, tendo em conta o seu exemplo como desinteressado servidor da causa pública, durante muitos anos. Pessoa afável e cordata, criava facilmente amigos e estabelecia relações duradoras.
Comerciante de pinheiros e eucaliptos, foi elemento chave na construção da Estrada Atlântica, pois conhecendo praticamente todos os proprietários dos terrenos por onde essa estrada foi aberta, criou as condições para que por isso mais facilmente a mesma se construísse.
Em termos políticos, após o 25 de abril de 1974, deu a cara ao lado do PPD mas não só, em momentos difíceis pela instauração de uma democracia de tipo ocidental, seja em movimentos de raiz popular ou na autarquia. Os seus antigos companheiros autarcas, prestaram ao Zé Dinis, uma sentida e comovida homenagem.
Duarte, António Fernando, nasceu em Barcelos e veio para Alcobaça, depois de ter trabalhado durante seis anos em Lisboa. Apesar de se ter especializado em pastelaria industrial, garantiu a O Alcoa saber tudo sobre doçaria conventual. Eu não os fazia só porque trabalhava das 4h30 à meia noite e não tinha tempo para isso. Recorda-se, com os seus mais de 90 anos,  do pastéis de Aljubarrota e dos pastéis da Vestiaria e que havia senhoras que, em Alcobaça, faziam doces por encomenda, para casas particulares e restaurantes.
Duarte, Feliciano Barreiras, Secretário de Estado Adjunto do Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, com as tutelas delegadas da Comunicação Social, Imigração e Modernização Administrativa, foi convidado a estar presente no dia 26 de junho de 2004 na inauguração das novas instalações das Majoretes de Alcobaça, após a bênção pelo Pároco Fernando de Cima.
As novas instalações situam-se no Pavilhão Gimnodesportivo e foram cedidas pela Câmara Municipal. Fundada em 6 de fevereiro de 1997 por José Tempero, as Majoretes de Alcobaça fizeram muitas atuações, em Portugal, Espanha e França. Amadeu Ferreira era ao tempo presidente da associação, que tem como originalidade estatutária o facto de todos os seus membros serem também executantes.
A chegada ao Pavilhão Gimnodesportivo foi feita em desfile, procedendo-se seguidamente ao içar das bandeiras e ao descerramento de placa comemorativa. Até esta data, as Majoretes de Alcobaça, que incluem também a fanfarra, estiveram alojadas numa garagem arrendada pela autarquia. A partir de agora, passaram a dispor de um ginásio para ensaios e ainda de duas salas.
Estiveram presentes na cerimónia, entre outros, o Presidente da Câmara, o Governador Civil de Leiria, o Presidente da JF de Alcobaça, o Pároco de Alcobaça (que benzeu as instalações), Vereadores, Técnicos Municipais e fundadores do grupo.
- PSD/Alcobaça celebrou, no dia 17 de junho de 1999, o seu 25º aniversário.
António Capucho, vice-presidente do partido, foi o convidado de honra de uma cerimónia destinada a assinalar a efeméride, e que contou igualmente com a presença de representantes de diversas secções do distrito.
Leia-se aqui António Capucho.
-No dia 13 de fevereiro de 2003, a Câmara Municipal de Alcobaça procedeu à inauguração de doi jardim-de-infância, respetivamente em Casal dos Ramos e Burinhosa.
As inaugurações contaram com a presença do Secretário de Estado da Administração Educativa, Abílio Morgado e do Secretário de Estado Feliciano Barreiras Duarte, respetivamente.
No seu discurso de inauguração, Abílio Morgado elogiou a política da Câmara de Alcobaça, ao verificar que esta coloca a Educação e a Cultura na agenda das suas prioridades, e exortou o Presidente da Câmara a continuar essa linha de atuação.
Ao nível da ação governativa, o Secretário de Estado da Administração Educativa definiu como prioridade o aumento radical da escolarização ao nível do ensino pré-escolar. O estabelecimento de parcerias, nomeadamente com autarquias e privados foi outra das linhas orientadoras do XV Governo Constitucional enunciadas por Abílio Morgado.
Reconhecendo o importante e grandioso investimento levado a cabo por anteriores Governos, definiu como vetores críticos para a melhoria do ensino, a competência, a organização e o método.
Sem estes, por muito que se invista na educação, os problemas estruturais permanecerão.
-Barreiras Duarte, esteve presente na 1ª Convenção do PSD de Alcobaça que se realizou a 11 de outubro de 2003 em Alfeizerão, no Salão da Casa do Povo, e que terminou com um jantar no Restaurante Viamar.
-No dia 17 de outubro de 2016, os deputados do PSD eleitos pelo Círculo de Eleitoral de Leiria, entre os quais Barreiras Duarte, estiveram em Alcobaça, numa visita integrada, no roteiro pelo património cultural da região.
Duarte, Manuel, conhecido por Manuel Carcereiro, foi o último guarda da prisão comarcã de Alcobaça.
Nasceu em Anadia, em 11 de outubro de 1920. Veio para Alcobaça quando recebeu uma proposta de trabalho para as caves da SVENA (fábrica de licores e aguardentes), onde esteve durante oito anos, até à sua falência. Acontece que, gostando tanto de Alcobaça, a partir daí, procurou ficar por perto. Das caves do vinho, Manuel Duarte passou para as caves da prisão de Alcobaça, que, se localizavam no Mosteiro. Era uma profissão totalmente diferente e custou-me um bocado a habituar. Mas aguentei-me e, felizmente, as coisas correram sempre muito bem. A maior parte dos presos que estiveram sob a sua vigilância eram naturais do concelho. Só ocasionalmente, sobretudo por altura das feiras, é que apareciam pessoas de fora. Não eram criminosos, porque esses iam para outros lados. Naquele tempo, era proibido cortar pinheiros e muita gente ia para a cadeia por desobedecer a isso.
Manuel Carcereiro era o único guarda, independentemente do número de presos. Tive um mínimo de três e cheguei a ter 45. Estava sozinho e tinha que me aguentar com eles todos. No entanto, como contou ao jornal Região de Cister, nunca teve medo, porque soube mante o respeito e respeitar os presos.
As condições da prisão eram muito más, ambiente sombrio, húmido e fracas condições sanitárias. Eu ficava lá sempre e a minha família fora. Vinte e quatro horas, sete dias por semana. De vez em quando, a minha mulher dava uma ajuda, quando lá estava um preso de confiança para eu ir às minhas voltas.
Susto apenas uma vez, quando um jovem de Turquel, aproveitando uma das suas raras saídas, fugiu pela varanda do Tribunal, que se situava por cima, com a ajuda de um grande tabuleiro de transportar comida.
Manuel Duarte lembra as atividades que os presos desenvolviam. Faziam algumas obras, como por exemplo o Palácio da Justiça, que foi construído com brigadas de trabalho de presos. E faziam naperons que estiveram em exposição no cinema, estores em vime para os talhos e caixas de madeira para a fruta. Eles assim distraíam-se e escusavam de estar a pensar na vida que levavam.
Presos políticos nunca passaram pela prisão de Alcobaça, e o 25 de abril aconteceu de forma discreta dentro daquelas paredes. Ninguém reagiu lá dentro, recordava Manuel Duarte.
Quando a prisão (comarcã) de Alcobaça encerrou, foi para Leiria, como guarda dos Serviços Prisionais, uma adaptação que fez naturalmente. Lá terminou a sua carreira, em 1980, aos 60 anos de idade.
Manuel Duarte era pessoa popular, conhecida entre os alcobacenses pela sua sociabilidade. Chegou a ser sócio de um pequeno café, o Café D. Abade.
Paralelamente, assumiu a direção de diversas coletividades do concelho, incluindo o Ginásio Clube de Alcobaça, os Bombeiros  Voluntários, a Banda e a Orquestra Típica. Não obstante os graves problemas de saúde que o viriam a vitimar, procurava manter-se inteirado acerca da atividade das instituições às quais dedicou tempo, sem deixar de sofrer pelo seu clube, o Sporting.
-De vez em quando passava pelo escritório de Fleming de Oliveira para conversar e dar  notícias.
Duarte, Manuel Alegre de Melo, mais conhecido por Manuel Alegre, candidato à Presidência da República (embora não oficialmente apoiado pelo PS), esteve em campanha eleitoral de visita a Alcobaça em 30 de setembro de 2010, e a convite de José Aurélio, visitou o Armazém das Artes.
Duarte, Raúl José Afonso, flaviense de origem, Técnico Agrário, radicou-se em Alcobaça há mais de 40 anos, terra que o abraçou como berço, sem contudo, perder o amor das suas raízes e se assumir com transmontano convicto.
Sobre si, diz que, de muito novo, cultiva o interesse pela língua portuguesa e sobretudo pelo uso da palavra capaz de traduzir a abstração e as sensações.
Começou muito jovem a escrever poesia, gosto que aprofunda com dois grandes poetas: António Correia de Barros que o apresenta a Miguel Torga (ambos médicos de profissão).
Camões, Almeida Garrett, Fernando Pessoa, Miguel Torga, José Carlos Ary dos Santos, Eugénio de Andrade, David Mourão Ferreira, Pedro Homem de Melo, José Régio, Sofia de Melo Breyner Andersen e Natália Correia são, entre muitos outros, as suas referências.
Premiado em vários concursos e jogos florais, ganhou alguns festivais como letrista e editou discos com trabalhos seus enquanto autor e compositor.
As terras de Portugal e em particular Alcobaça, constituem uma fonte inesgotável de inspiração, o que o leva mesmo a fazer improvisos, quantas vezes para traduzir emoções ou em sinal de agradecimento ao público generoso que assiste aos eventos onde participa
Apresentador de espetáculos, locutor de Rádio, e convidado para alguns programas de televisão, procura através da palavra, a transmissão do seu estado de alma, retratando-se mesmo, no que escreve e diz.
Em 17 de Setembro de 2005, lança o CD Raúl Duarte Diz? com o objetivo de dar conhecimento do que escreve e de viva voz o transmitir.
Nele colabora o Professor, Maestro, Músico e Compositor, bicampeão mundial de Acordeão Aníbal Freire que é autor e orquestrador da maior parte dos temas musicais do CD.
-Raúl Duarte apresentou, no dia 17 de Setembro de 2005 no Cineteatro de Alcobaça, o seu CD de poesia, musicada e a espaços cantada por Diana Freire e Hernâni Santos.
O espetáculo, cujas receitas se destinaram ao Centro de Educação Especial e de Reabilitação Infantil de Alcobaça /CEERIA, esgotou.
De referir que o produto da venda do CD se destinou à Liga Portuguesa Contra o Cancro.
-Raúl Duarte pretendeu esclarecer ainda que estudou em Vila Real, passou pelo ensino primário, seminário de Vila Real – 2 anos e Liceu Camilo Castelo Branco.
A sua juventude foi sã e profundamente marcada pelos seus pais, Maria José Branco Afonso (Professora de Arte e Design) e de José Joaquim Florindo Agostinho Duarte (Engenheiro em Ciências Agrárias).
No seio familiar, viveu aquilo que se poderá denominar por um ambiente de cultura com incentivo à leitura, o que lhe granjeou desde cedo, o gosto pela escrita, em particular a poesia. De forma insipiente, alinhou algumas rimas que apreciadas pelo Dr. António Correia de Barros (médico assistente e poeta) permitiram estabelecer um contacto pessoal, com o seu colega e intimo amigo Dr. Adolfo Rocha – Miguel Torga. Que leu com interesse as citadas rimas e propôs um convite à Orada do Ferrão, local de onde se avistavam os Penedos Transmontanos na sua rudeza, os vinhedos do Douro e o próprio rio. Contava nessa altura 14 anos, e sujeitou-se a umas três horas de silêncio e meditação, que tiveram como epílogo à hora da merenda, uma pergunta:
- O que viste?
Sem responder, veio a primeira grande lição de vida:
- Olhar, Ver e Observar, rematando. Olhar é colocar os olhos indiferente; Ver é a capacidade de poder colocar os olhos e vislumbrar coisas e Observar é olhar, ver e aprofundar com rigor científico cada pormenor de per si.
Antes de tudo isto, ouvia frequentemente seu pai tecer rasgados elogios a um iminente Professor, oriundo de Alcobaça, pela sua genialidade e saber. Com pouco mais de 9 anos e em plenas férias, deslocou-se a um terreno sito no lugar de Alvites, próximo de Mouçós – Vila Real, propriedade do Dr. António Correia de Barros, onde inesperadamente conheceu o Professor Joaquim Vieira Natividade e ouviu os seus ensinamentos, para com uma “suta” colaborar na marcação do pomar que ali iria nascer.
Na sua juventude, muitas marcas contribuíram para a formação das atividades que mais tarde viria a levar a efeito.
Resumidamente, o gosto pela natureza através da pesca desportiva, o gosto pela cultura materializada em vários cursos de formação juvenil e um estudo de grupo aprofundado sobre a Sé de Lamego onde teve conhecimento de um documento elaborado pelos Monges de Cister em que se confirmava a Restauração de Portugal no ano 1640.





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