terça-feira, 22 de abril de 2014

ANTÓNIO RAINHO (e outros companheiros). O INÍCIO DO PPD/ALCOBAÇA.


 
ANTÓNIO RAINHO (e outros companheiros).
O INÍCIO DO PPD/ALCOBAÇA.

Fleming de Oliveira




António Carvalho Rainho, é militante do PPD, desde a primeira hora.
Fez um tempo de serviço militar mais longo que o normal e esteve em Angola.
Fui à inspeção em 1957 e assentei praça em Infantaria 7-Leiria, em abril de 1958. Fiz ali a recruta e segui posteriormente para Mafra onde tirei o curso de sargento miliciano de transmissões. Após o curso passei por Amadora e fui recolocado onde, como cabo miliciano, conclui o tempo normal de serviço. Saí para a vida civil depois de cumprir o tempo de serviço militar de dezoito meses. Decorridos cerca de dois anos fui “requisitado” para o Ultramar, como furriel miliciano. Embarquei no Vera Cruz em 21 de outubro de 1961, chegando a Luanda no dia 1 de novembro do mesmo ano. Permaneci ali três semanas, fui destacado para Catete onde permaneci poucos dias e embarquei para Cabinda, onde permaneci até ao regresso, dia 28 de janeiro de 1964, chegando a Lisboa dia quatro de fevereiro.
Nas primeiras eleições autárquicas (1976), foi o 2º. da lista para a Assembleia Municipal, encabeçada por Gonçalves Sapinho.
Fui sempre apolítico, antes do 25 de Abril, a não ser o ter assinado uma petição para que o General Humberto Delgado pudesse ser candidato. De qualquer modo, sempre me conheci como desinteressado da política, porque nessa altura a província vivia muito distante dos grandes centros, onde se decidiam as coisas.
Nunca se recenseara, nem votara. Para quê?, pensava consigo.
Quando surgiu o 25 de Abril, agora, sim, tenho de me integrar neste questão tão importante. Os dias que se seguiram foram de excitação e de permanente ouvido à rádio e à televisão, no sentido de uma integração em linha política que mais se adequasse a minha maneira de pensar e de estar na vida.
Conhecia de nome Sá Carneiro, Pinto Balsemão e Mota Amaral e as suas intervenções na Assembleia Nacional, inseridas no que se convencionou chamar a Ala Liberal, o que nem sabia muito bem o que era, nem a que se propunha, tendo visto com algum otimismo a entrada para o governo de Marcelo Caetano, mas como constatou foi sol de pouca dura.
Estalou o 25 de Abril e com ele os momentos de convulsão, que se foram alastrando consoante os dias passavam. Tudo isto foi a razão de me integrar mais na política e, naturalmente, mais na vida quotidiana e do exterior. Recordo que comprava muitos dos jornais diários e também semanais para saber da vida nacional.

Tendo o PPD nacional, sido fundado nos primeiros dias de maio de 1974, António Rainho deslocou-se por esses dias, com expectativa e com os amigos, Amadeu Carvalho, Carlos do Valado, entre outros, a uma sessão de esclarecimento na Batalha, onde estiveram presentes, como oradores, José Ferreira Júnior, Tomás de Oliveira Dias e Quintela, todos de Leiria.
Após a sessão que decorreu num salão da igreja, com boa frequência de público, decidimos abordar os políticos acima referidos e convidá-los para uma sessão de esclarecimento em Valado dos Frades, que iríamos organizar e aonde eu vivia. A sessão, ocorreu no dia 10 de Junho de 1974, no salão do Clube Valadense, com muitas pessoas, cuja quase totalidade nunca ouvira falar de política. Política não dá trabalho, só chatice, a minha política é o trabalho no campo ou na fábrica de manhã à noite, era o lema de muita gente presente. A política das mulheres, era a da casa e família.
O salão enorme e bem tratado, pois ali se realizavam, com regularidade, festas de casamento, bailes de carnaval e fim de ano. Na altura, os órgãos sociais eram pessoas de boa capacidade económica e, por isso, não foi difícil mobilizar para encher o salão. De tal ordem que os oradores ficaram francamente satisfeitos com o ambiente.
Fomos os três, eu, o Amadeu e o Carlos, quem organizou a sessão de esclarecimento, juntando vários amigos recrutados nas conversas de café. Esta sessão contribuiu para que o Valado de Frades fosse durante anos um bastião do nosso partido.
Conheci o Amadeu Carvalho quando estudava na Escola Comercial e Industrial de Leiria e posteriormente fui encontrá-lo a trabalhar na SPAL, quando em setembro de 1968 entrei para a empresa. Conheci o Carlos como residente em Valado dos Frades e pintor de uma fábrica de cerâmica, faiança. O Carlos acabou por se filiar num partido de extrema-esquerda e, tornou-se uma pessoa muito agressiva, quase a roçar a loucura, não obstante ser profundamente religioso. Mas com o tempo voltou a uma acalmia muito grande e mais democrata.
Ao passar a residir em Alcobaça, Rainho procurou integrar-se no PPD local, porque conhecia algumas pessoas, nomeadamente Silva Carvalho, que fazia parte dos órgãos sociais da SPAL e com quem trabalhava de perto. Conhecia outras pessoas, mas foi esta a principal.
Recordo-me do modo como o Engº. Carvalho vivia a política, com grande entusiasmo e sempre de maneira a aglutinar pessoas para o PPD.

A sede do PPD em Alcobaça, só foi oficialmente inaugurada meses depois, no dia 7 de dezembro de 1974, com uma sessão presidida por Ferreira Junior, de Leiria, tendo ainda como oradores Oliveira Dias, Silva Carvalho, Sapinho e Fleming de Oliveira. No final Rui Coelho fez uma interpelação à Mesa, tida como muito contestatária, mas que nem por isso deixou de ser apreciada, o que levou a que em breve tivesse sido contratado para trabalhar para o partido, em Leiria.



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