ANTÓNIO RAINHO (e
outros companheiros).
O INÍCIO DO PPD/ALCOBAÇA.
Fleming de Oliveira
António Carvalho Rainho, é militante do PPD, desde a
primeira hora.
Fez um tempo de serviço militar mais longo que o normal
e esteve em Angola.
Fui à inspeção em
1957 e assentei praça em Infantaria 7-Leiria, em abril de 1958. Fiz ali a
recruta e segui posteriormente para Mafra onde tirei o curso de sargento
miliciano de transmissões. Após o curso passei por Amadora e fui recolocado
onde, como cabo miliciano, conclui o tempo normal de serviço. Saí para a vida
civil depois de cumprir o tempo de serviço militar de dezoito meses. Decorridos
cerca de dois anos fui “requisitado” para o Ultramar, como furriel miliciano.
Embarquei no Vera Cruz em 21 de outubro de 1961, chegando a Luanda no dia 1 de
novembro do mesmo ano. Permaneci ali três semanas, fui destacado para Catete
onde permaneci poucos dias e embarquei para Cabinda, onde permaneci até ao
regresso, dia 28 de janeiro de 1964, chegando a Lisboa dia quatro de fevereiro.
Nas primeiras eleições autárquicas (1976), foi o 2º. da
lista para a Assembleia Municipal, encabeçada por Gonçalves Sapinho.
Fui sempre
apolítico, antes do 25 de Abril, a não ser o ter assinado uma petição para que
o General Humberto Delgado pudesse ser candidato. De qualquer modo,
sempre me conheci como desinteressado da política, porque nessa altura a
província vivia muito distante dos grandes centros, onde se decidiam as coisas.
Nunca se recenseara, nem votara. Para quê?, pensava consigo.
Quando surgiu o 25 de Abril, agora, sim, tenho de me integrar neste questão tão importante. Os dias que se seguiram foram de
excitação e de permanente ouvido à rádio
e à televisão, no sentido de uma integração em linha política que mais se
adequasse a minha maneira de pensar e de estar na vida.
Conhecia de nome Sá Carneiro, Pinto Balsemão e Mota
Amaral e as suas intervenções na Assembleia Nacional, inseridas no que se
convencionou chamar a Ala Liberal, o que nem sabia muito bem o que era, nem a
que se propunha, tendo visto com algum otimismo a entrada para o governo de
Marcelo Caetano, mas como constatou foi sol de pouca dura.
Estalou o 25 de
Abril e com ele os momentos de convulsão, que se foram alastrando consoante os
dias passavam. Tudo isto foi a razão de me integrar mais na política e,
naturalmente, mais na vida quotidiana e do exterior. Recordo que comprava
muitos dos jornais diários e também semanais para saber da vida nacional.
Tendo o PPD nacional, sido fundado nos primeiros dias de
maio de 1974, António Rainho deslocou-se por esses dias, com expectativa e com
os amigos, Amadeu Carvalho, Carlos do Valado, entre outros, a uma sessão de
esclarecimento na Batalha, onde estiveram presentes, como oradores, José
Ferreira Júnior, Tomás de Oliveira Dias e Quintela, todos de Leiria.
Após a sessão que
decorreu num salão da igreja, com boa frequência de público, decidimos abordar
os políticos acima referidos e convidá-los para uma sessão de esclarecimento em
Valado dos Frades, que iríamos organizar e aonde eu vivia. A sessão, ocorreu no
dia 10 de Junho de 1974, no salão do Clube Valadense, com muitas pessoas, cuja
quase totalidade nunca ouvira falar de política. Política não dá trabalho, só
chatice, a minha política é o trabalho no campo ou na fábrica de manhã à noite,
era o lema de muita gente presente. A política das mulheres, era a da casa e
família.
O salão enorme e bem tratado, pois ali se realizavam,
com regularidade, festas de casamento, bailes de carnaval e fim de ano. Na altura, os órgãos sociais eram
pessoas de boa capacidade económica e, por isso, não foi difícil mobilizar para
encher o salão. De tal ordem que os oradores ficaram francamente satisfeitos
com o ambiente.
Fomos os três, eu, o
Amadeu e o Carlos, quem organizou a sessão de esclarecimento, juntando vários
amigos recrutados nas conversas de café. Esta sessão contribuiu para que o
Valado de Frades fosse durante anos um bastião do nosso partido.
Conheci o Amadeu
Carvalho quando estudava na Escola Comercial e Industrial de Leiria e
posteriormente fui encontrá-lo a trabalhar na SPAL, quando em setembro de 1968
entrei para a empresa. Conheci o Carlos como residente em Valado dos Frades e
pintor de uma fábrica de cerâmica, faiança. O Carlos acabou por se filiar num
partido de extrema-esquerda e, tornou-se uma pessoa muito agressiva, quase a
roçar a loucura, não obstante ser profundamente religioso. Mas com o tempo
voltou a uma acalmia muito grande e mais democrata.
Ao passar a residir em Alcobaça, Rainho procurou
integrar-se no PPD local, porque conhecia algumas pessoas, nomeadamente Silva
Carvalho, que fazia parte dos órgãos sociais da SPAL e com quem trabalhava de
perto. Conhecia outras pessoas, mas foi esta a principal.
Recordo-me do modo
como o Engº. Carvalho vivia a política, com grande entusiasmo e sempre de
maneira a aglutinar pessoas para o PPD.
A sede do PPD em Alcobaça, só foi oficialmente
inaugurada meses depois, no dia 7 de dezembro de 1974, com uma sessão presidida
por Ferreira Junior, de Leiria, tendo ainda como oradores Oliveira Dias, Silva
Carvalho, Sapinho e Fleming de Oliveira. No final Rui Coelho fez uma
interpelação à Mesa, tida como muito contestatária, mas que nem por isso deixou
de ser apreciada, o que levou a que em breve tivesse sido contratado para
trabalhar para o partido, em Leiria.
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