terça-feira, 22 de abril de 2014

O 5 de OUTUBRO DE 1974 EM ALCOBAÇA O NOVO GOVERNADOR CIVIL DE LEIRIA, ROCHA E SILVA. AS SESSÕES DA CA da CÂMARA MUNICIPAL.



 
O 5 de OUTUBRO DE 1974 EM ALCOBAÇA
O NOVO GOVERNADOR CIVIL DE LEIRIA, ROCHA E SILVA.
AS SESSÕES DA CA da CÂMARA MUNICIPAL.

Fleming de Oliveira




As comemorações do 5 de Outubro de 1974, foram organizadas pelo PC e MDP/CDE com o apoio da CA da Câmara Municipal (pró PC).
Da parte de manhã, no cemitério da Vila usou da palavra Firmo de Almeida, que homenageou os democratas republicanos falecidos, sem ver a liberdade. No Largo do Mosteiro, houve um comício presidido por António Luís Ventura, tendo como oradores Vítor Ferreira, Mário Amaral, Olímpia Lameiras e José H. Vareda. Após inflamados discursos de modelar antifascismo e slogans de igual teor (como o público reclamava), foi votado que a Travessa da Cadeia, hoje Travessa Dom Maur Cocheril (monge cisterciense francês, grande amigo de Alcobaça), passasse a chamar-se Travessa 16 de março (golpe frustrado de Caldas da Rainha). Mas tal não foi levado à prática.
Um dos pontos altos da manifestação, foi o descerrar de uma placa atribuindo o nome de Praça 25 de Abril, à anteriormente denominada Praça Dr. Oliveira Salazar. José Vareda, do MDP/CDE, propôs ainda que fosse retirado o nome do respeitado alcobacense, o Bispo D. António de Campos, a uma das ruas da Vila, sendo certo que a ideia também não colheu. Porém, a mando de Jorge Silvestre, o retrato daquele ilustre prelado católico, nascido em Alcobaça, a 9 de abril de 1904, foi retirado do Salão Nobre da CMA, onde se encontrava, e levado para uma arrecadação, de onde mais tarde voltou a ser retirado e exposto em local nobre, como ainda acontece.

A 9 de outubro, foi empossado, como Governador Civil de Leiria, Joaquim Rocha e Silva, de 42 anos, tendo presidido à cerimónia o Ministro da Administração Interna, Costa Brás.
Estiveram presentes, entre outros, o Bispo de Leiria, D. Alberto Cosme do Amaral, o Governador Civil do Porto, Mário Cal Brandão, representantes dos os partidos políticos, Presidentes das CA das Câmaras Municipais do Distrito, Diretores de Estabelecimentos de Ensino de Leiria e arredores, comandantes do Regimento de Infantaria 7 e Regimento de Artilharia 4, além de numerosos curiosos. Rocha e Silva nasceu em Belém do Pará, Brasil, vindo com dez anos para S. Martinho do Porto, de onde os pais eram naturais. Residiu no Porto e aí se licenciou em Economia e Finanças. Em 1949, republicano militante, foi afastado compulsivamente das funções docentes por ter feito parte do MUD, na campanha de Norton de Matos.


Graças às suas funções de Chefe dos Serviços Técnicos da Câmara Municipal de Alcobaça, o Engº. José Carlos Costa e Sousa tinha de assistir às reuniões semanais do executivo para prestar os esclarecimentos necessários, o que acontecia por ser o único que o sabia fazer.
Na primeira reunião, após Tarcísio Trindade ter sido exonerado, foi designado um delegado das forças democráticas (leia-se MDP/CDE e PC) para acompanhar de futuro as sessões e fazer um relatório.
As reuniões do executivo eram com frequência agitadas, dada a presença de público que intervinha, quando muito bem entendia. Para tentar controlar esta situação, em 28 de agosto de 1974, o vereador António Silva Rosa, alegadamente sem pretender abdicar da intenção de manter as portas abertas propôs, o que foi aprovado por unanimidade, que o tempo que decorre das 21 às 21h30m às quarta-feiras seja dedicado a atender o público que tenha qualquer problema a apresentar, seguindo-se imediatamente a reunião ordinária.
Algumas reuniões arrastavam-se até altas horas da madrugada, com debates carregados de pressupostos políticos e deliberações sem conteúdo prático, irrealistas, ainda que, eventualmente, bem intencionadas. Assim, havia necessidade de ir buscar mantimentos a Caldas da Rainha ou a outro local longínquo, pois que na zona de Alcobaça, nada havia aberto para notívagos.

Relativamente à classe política que emergiu e com quem trabalhou na Câmara, sem problemas, Costa e Sousa entende que eram uns meros idealistas que foram perdendo essas qualidades, perante as duras realidades do dia a dia. Mas demagogos nunca deixaram de ser…

Sem comentários: