quarta-feira, 23 de abril de 2014

O MILITAR TAMBÉM PENSA. BARBA E CABELO COMPRIDOS.


 


O MILITAR TAMBÉM PENSA.
BARBA E CABELO COMPRIDOS.

Fleming de Oliveira



Muitas coisas estavam a mudar no País (com o 25 de Abril), outras nem tanto, já que os hábitos antigos eram fortes e arreigados.
No início do ano de 1975, com o objetivo de adaptar os militares aos usos e costumes dos novos tempos e respeitar aspetos da personalidade individual, o militar também pensa, passou a ser permitido o uso de cabelo comprido, barba e bigode.

Havia, porém, duas condicionantes importantes. O comprimento do cabelo não deveria dificultar o uso da boina, tapar a testa, as orelhas ou o colarinho do uniforme. A outra condicionante tinha uma razão de ser de natureza higiénica, pois a inobservância das medidas elementares de asseio no tratamento do cabelo, barba e bigode, o uso do cabelo sistematicamente despenteado, barba desgrenhada ou corte extravagante, implicaria o cancelamento individual da autorização.

O ambiente e a disciplina no quartel de Caldas da Rainha, após o 25 de Abril, e especialmente o 11 de março, foram-se matizando, passando muitas, se não todas as questões, a serem objeto de discussão.
Um das primeiras decisões e serem tomadas sem contestação muito menos ida a plenário, foi a de permitir os militares usar cabelo comprido, barba e fardamento, nem sempre condizente ou adequado.

Em certo dia, de maio ou junho de 1975, depois de um levantamento de rancho, o seu grande promotor o soldado condutor auto Almeida, natural e residente na Póvoa-Cós, alias já falecido, amigo do 70 de quem falei noutro local, e que usava cabelo especialmente comprido e desalinhado no vestuário, foi mandado apresentar-se no comando, no espaço de meia-hora, com o cabelo cortado e vestido decentemente. Acontece, porém, que uma semana depois o soldado Almeida, com grande pena do 70 foi transferido, compulsivamente, para uma unidade de Lisboa, aonde ficou até passar à disponibilidade.



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