O MILITAR TAMBÉM PENSA.
BARBA E CABELO COMPRIDOS.
Fleming de Oliveira
Muitas coisas estavam a mudar no País (com o 25 de
Abril), outras nem tanto, já que os hábitos antigos eram fortes e arreigados.
No início do ano de 1975, com o objetivo de adaptar os
militares aos usos e costumes dos novos tempos e respeitar aspetos da
personalidade individual, o militar
também pensa, passou a ser permitido o uso de cabelo comprido, barba e
bigode.
Havia, porém, duas condicionantes importantes. O
comprimento do cabelo não deveria dificultar o uso da boina, tapar a testa, as
orelhas ou o colarinho do uniforme. A outra condicionante tinha uma razão de
ser de natureza higiénica, pois a inobservância das medidas elementares de
asseio no tratamento do cabelo, barba e bigode, o uso do cabelo
sistematicamente despenteado, barba desgrenhada ou corte extravagante,
implicaria o cancelamento individual da autorização.
O ambiente e a disciplina no quartel de Caldas da
Rainha, após o 25 de Abril, e especialmente o 11 de março, foram-se matizando,
passando muitas, se não todas as questões, a serem objeto de discussão.
Um das primeiras decisões e serem tomadas sem
contestação muito menos ida a plenário, foi a de permitir os militares usar
cabelo comprido, barba e fardamento, nem sempre condizente ou adequado.
Em certo dia, de maio ou junho de 1975, depois de um
levantamento de rancho, o seu grande promotor o soldado condutor auto Almeida,
natural e residente na Póvoa-Cós, alias já falecido, amigo do 70 de quem falei noutro local, e que
usava cabelo especialmente comprido e desalinhado no vestuário, foi mandado
apresentar-se no comando, no espaço de meia-hora, com o cabelo cortado e
vestido decentemente. Acontece, porém, que uma semana depois o soldado Almeida,
com grande pena do 70 foi
transferido, compulsivamente, para uma unidade de Lisboa, aonde ficou até
passar à disponibilidade.
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