PALMA CARLOS E
O 25 DE ABRIL
Fleming de
Oliveira
Foi a um prestigiado advogado de ideias democratas e liberais, o Professor Doutor Adelino Palma Carlos a quem o Gen.
Spínola, recorreu para chefiar o primeiro governo saído da Revolução.
O I
Governo Provisório de Portugal tomou
posse a 17
de maio de 1974, sucedendo nas
funções governativas à Junta
de Salvação Nacional, formada no dia da
revolução, e teve ministros como Mário Soares e Sá
Carneiro, com quem Palma
Carlos tinha uma relação de empatia e cordialidade.
Com ligações a grupos económicos e insuspeito de
simpatias com a extrema-esquerda, grão-mestre do Grande
Oriente Lusitano, Palma Carlos tinha
o perfil para garantir a respeitabilidade do novo governo nos meios
conservadores e internacionais. Mas numa conjuntura política em que a balança
se inclinava decididamente para a esquerda, a sua tarefa não seria fácil.
Em vão, procurou o Presidente
da República criar uma forte
corrente de opinião civil e militar que reforçasse a sua posição política,
através de deslocações pelo país e apelos ao povo português. O Conselho do MFA
viria a recusar as suas propostas de concentração do poder nas instâncias
presidencial e governamental através de um referendo constitucional.
Em consequência, Palma Carlos pediu a demissão, levando
à queda do I
Governo Provisório de Portugal a 18 de julho de 1974, apenas 56 dias
após a posse.
Adelino da Palma Carlos, não teve capacidade ou
condições para aguentar a situação, pelo que ao fim de pouco tempo, pediu a
demissão ”dizendo que se se sentia um
passarinho a sair da gaiola”.
Logo a seguir, tomou posse o II Governo Provisório
chefiado pelo cor. Vasco Gonçalves e do qual também fizeram parte, Mário
Soares, Sá Carneiro, Álvaro Cunhal e Freitas do Amaral.
Mas, as tensões internas não paravam de aumentar e o
Presidente da República encorajou a realização de uma manifestação da “Maioria Silenciosa”, que mais não seria
que um braço de ferro entre a direita e a esquerda.
A manifestação não chegou a acontecer e o acontecimento
foi entendido como uma tentativa de golpe de estado, motivo pelo qual o Gen.
Spínola foi levado a demitir-se, prevendo um período de crise e caos
substituído pelo general Costa Gomes, que, por seu turno, confirmou, nas
funções, o governo de Vasco Gonçalves. “Maioria Silenciosa” foi a
designação pela qual ficou conhecida a iniciativa política de alguns setores da
sociedade portuguesa, civil e militar, que, em 28 de setembro de 1974, decidiram
organizar uma manifestação de apoio ao General Spínola, visando o reforço da sua posição política.
Otelo
Saraiva de Carvalho do COPCON e o Ministro da
Defesa
Firmino Miguel reagiram. O
Ministro da Comunicação Social, leu um comunicado do Governo Provisório na EN,
emitido de meia em meia hora. A manifestação foi proibida pelo MFA. Os partidos
políticos de esquerda distribuíram comunicados apelando à vigilância popular e
denunciaram as tentativas contra revolucionárias dessa “Minoria Tenebrosa”. Foram levantadas barricadas populares nos
acessos a Lisboa e noutras localidades. Durante a noite, grupos de
militares tomaram o lugar dos ativistas civis. Foram detidas várias figuras
políticas afetas ao antigo regime, quadros da Legião
Portuguesa e alguns
manifestantes.
António de Spínola tentou reforçar o poder da Junta
de Salvação Nacional, que comandava, e
estabelecer o Estado de Sítio. Em consequência, a Comissão Coordenadora do MFA, impôs a demissão
dos três generais mais “conservadores” do
grupo, Galvão
de Melo, Diogo
Neto e Silvino
Silvério Marques. Derrotado, Spínola
demitiu-se a 30 de setembro, sendo substituído por Costa Gomes. No seu discurso de renúncia, Spínola denunciou certas
políticas do governo e prenunciou o caos, a anarquia e novas formas de
escravatura.
Com a derrota da direita civil, fechou-se o que seria
considerado o primeiro ciclo do PREC.
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