PLENÁRIOS POPULARES EM ALCOBAÇA PARA ESCOLHA DA CA DA
CÂMARA MUNICIPAL (julho de 1975)
Fleming de Oliveira
Na sequência do assalto e ocupação da Câmara Municipal
realizou-se, no sábado, dia 26 de julho de 1975, um Plenário para a Freguesia
de Alcobaça eleger o seu representante para a constituição da nova CA da CMA.
Nesse sábado ou porque as pessoas foram avisadas com
pouca antecedência, ou por outro motivo qualquer, a sala reservada para o
efeito, junto ao Tribunal (então no primeiro andar da ala norte do Mosteiro),
registou escassas dezenas de pessoas, pelo que foi decidido adiar o Plenário
para o dia seguinte, domingo, sendo que desta vez a sala encheu-se, com muita
gente, ordeira e interessada, proveniente de todas as camadas sociais e lugares
do concelho.
Após esclarecimentos por parte dos promotores da
reunião, seguiu-se uma votação, onde não havendo listas nem cadernos
eleitorais, cada um, poderia votar em quem muito bem entendesse. Em votação
secreta, os nomes mais votados foram: Joaquim Zeferino Lucas, Vítor Figueiredo,
Manuel Alberto Tomas Correia, Augusto Simões, António Zeferino, Manuel da
Bernarda, João Monteiro, Adão Lameiras, e José Carlos Teixeira.
Estes começaram sucessivamente a declinar a
responsabilidade, pelos mais variados motivos, familiares, políticos ou
profissionais. Dado que nenhum parecia disposto a aceitar, a assembleia começou
a protestar e exigiu que Joaquim Zeferino Lucas (conceituado comerciante de
móveis, estofos e decorações, por ter sido o mais votado, futuro Presidente da
Junta de Freguesia), aceitasse o lugar. A escolha foi aprovada por aclamação.
De seguida, a Mesa propôs que se efetuasse uma recolha
de assinaturas a solicitar a libertação dos presos em Caxias, Tarcísio
Trindade, Luís do Couto Serrenho “Capador”,
Mário Amaral, Carlos Leão da Silva “Caranguejo”
e Hernâni Bastos. A proposta foi aprovada por aclamação, começando-se
imediatamente a recolher assinaturas.
Na segunda-feira à noite, realizou-se a reunião, para a
escolha, entre os eleitos, dos futuros Presidente e Vice-Presidente. Estavam
presentes os delegados, Joaquim Zeferino Lucas, por Alcobaça, José Eduardo da
Silva e Sousa, por Alfeizerão, Firmino Franco, por Alpedriz, Diamantino do
Couto Ferreira, por Benedita, José Eusébio da Silva, por Cela, António Gomes
Barbosa Ribeiro, por Cós, Manuel da Silva Rodrigues, por Évora, Carlos Ribeiro
Claro, por Prazeres de Aljubarrota, António Agostinho Marques, por Turquel e
José Fernando Alexandre Ramalho, por Vimeiro. Faltaram os delegados de Maiorga,
Pataias, S. Martinho do Porto, Bárrio e Vestearia.
Feita a nova votação, por escrutínio secreto, mas sempre
sem cadernos eleitorais, deu como resultado que fossem eleitos Joaquim Zeferino
Lucas, como Presidente e Diamantino do Couto Ferreira, comerciante da Benedita,
como Vice-Presidente.
A escolha destes, acabou por ser irrelevante, dado que a
demissão de José Pinto, não foi aceite e o Governo Civil, não reconheceu
validade a estes Plenários populares.
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