O 25 DE NOVEMBRO DE 1975 NA RTP.
UM “BOBO PORTUGUÊS” POR OUTRO AMERICANO…
Fleming de Oliveira
O episódio da mudança na correlação de forças, tal como
o País percebeu, é quase anedótico.
No dia 25 de novembro de 1975, o jovem bem penteado, bonitão e barbudo cap. Durand Clemente,
segundo-comandante da EPAM/Escola
Prática de Administração Militar, que tinha ocupado a RTP, falava em direto na
televisão, defendendo as teses da fação mais radical do MFA.
À entrada nos estúdios, havia anunciado que “aqui não há meias-tintas, não tenho
mais tempo para conversa (…). Isto é tudo muito desagradável, mas,
se for necessário matar, eu tenho de matar”.
E, depois de ter trancado o diretor da RTP num gabinete,
avançou para o estúdio, onde iniciou um discurso sobre as virtudes do poder
popular. Mas, às 21h10m, os telespectadores viram um Clemente começar a
esbracejar, em protesto contra os sinais que o técnico lhe fazia, anunciando
que voltará ao ar quando tudo estiver resolvido. De seguida surgirão no ecrã as
imagens do filme The Man
From the Diner's Club, de Danny Kaye, que já seria emitido a partir
dos estúdios do Porto.
Com surpresa dos telespetadores foi a substituição de um
bobo por outro…
A JSD-Juventude Social-Democrata (que ainda se
apresentava como Juventude Social-Democrática) comunicou, em 26 de novembro de 1975:
“(…) Graças à
pronta resposta dos militares progressistas e das massas populares,
conseguiu-se cortar o caminho a forças contrarrevolucionárias
sociais-fascistas, sendo de realçar a atuação dos militantes do PPD e da
Juventude Social-Democrática em toda a movimentação de massas populares, que
levou à libertação de Monte Real dos inimigos da democracia e do socialismo.
A JSD não pode
deixar de saudar o Regimento de Comandos, e todas as unidades que, fiéis à
causa da democracia, do pluralismo e da liberdade se têm vindo bater com
coragem e tenacidade louváveis contra os que desde há já uns meses a esta
parte, põem em causa sistematicamente as conquistas do 25 de Abril. Os inimigos
da revolução, os fascistas, os sociais-fascistas e a pseudo-esquerda
radical-verbalista têm vindo a pôr em prática um plano contrarrevolucionário,
que as forças democráticas já desmascararam. (…)”
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