quarta-feira, 16 de abril de 2014

-NA DÚVIDA A CADEIA EM VEZ DA PSP (por causa dos abusos). O PÉ-LEVE-


 

-NA DÚVIDA A CADEIA EM VEZ DA PSP (por causa dos abusos).
O PÉ-LEVE-

-Fleming de Oliveira-

Altino do Couto Ribeiro considerava-se outrora, um indivíduo do contra.
Antes do 25 de abril, nunca alinhou com o regime, mas também não agiu enquanto opositor. Hoje sente algumas saudades dos bons velhos tempos. Conta que quando soube, no fim da II Guerra, que as caixas de fósforos foram aumentadas de $50, com o argumento de se criarem receitas para o Socorro Social, fez um enorme alarido que juntou algumas pessoas junto à loja do Joaquim do Talho, em Alcobaça, sita no início da Rua Araújo Guimarães, chamando a Salazar ladrão, filho da p…., cornudo e outros epítetos gravosos e falsos (como agora reconhece).
Apesar de a PSP ter sido alertada para pôr cobro ao pequeno tumulto, (por um zeloso alcobacense que até passava por bufo), e depois de um agente o ter mandado calar, a verdade é que nada lhe aconteceu.

Nos anos sessenta, havia um indivíduo em Alcobaça conhecido pelo Pé-Leve, amigo dos copos, mas não desordeiro, sem modo de vida definido e mal amanhado.
O Pé-Leve vivia de pequenos expedientes, como a venda de peles de coelho, de papel, cartão, trapos ou ferro velho.
Uma tarde, encontrando-se como era recorrente bem bebido e sentado na berma do passeio a comer um pouco de peixe, acompanhado de uma fatia de pão de milho que ia cortando com uma pequena navalha de bolso (que até utilizava para limpar as unhas), acercou-se um polícia que lhe disse, com ar ríspido e mandão, que não podia estar ali a comer, pelo que estando em transgressão, o devia acompanhar à esquadra. O Pé-Leve recusou-se a ir, pois sabia que lá, encontrando-se sozinho, arriscava-se apanhar uma grande tareia, como já acontecera de outras vezes, numa das quais berrou tanto, que até se ouviu na rua.
Perante o manifesto despropósito desta intervenção do polícia, de quem entretanto se acercou um outro, juntaram-se alguns populares, com o objetivo de impedirem que o homem fosse para o Posto.
Assim, em vez de ser levado para aí, o Pé-Leve foi conduzido para a cadeia comarcã, onde à guarda do Manuel Carcereiro, ficava em segurança dos abusos policiais.

NOTA-cfr. o nosso, NO TEMPO DE SALAZAR, CAETANO E OUTROS



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