-NA DÚVIDA A CADEIA EM VEZ DA PSP (por causa dos
abusos).
O PÉ-LEVE-
-Fleming de Oliveira-
Altino
do Couto Ribeiro considerava-se outrora, um indivíduo do contra.
Antes
do 25 de abril, nunca alinhou com o regime, mas também não agiu enquanto opositor.
Hoje sente algumas saudades dos bons
velhos tempos. Conta que quando soube, no fim da II Guerra, que as caixas
de fósforos foram aumentadas de $50, com o argumento de se criarem receitas
para o Socorro Social, fez um enorme
alarido que juntou algumas pessoas junto à loja do Joaquim do Talho, em Alcobaça, sita no início da Rua Araújo Guimarães,
chamando a Salazar ladrão, filho da p….,
cornudo e outros epítetos gravosos e falsos
(como agora reconhece).
Apesar
de a PSP ter sido alertada para pôr cobro ao pequeno tumulto, (por um zeloso alcobacense que até passava por bufo), e depois de um agente o ter
mandado calar, a verdade é que nada lhe aconteceu.
Nos
anos sessenta, havia um indivíduo em Alcobaça conhecido pelo Pé-Leve, amigo dos copos, mas não
desordeiro, sem modo de vida definido e mal amanhado.
O Pé-Leve vivia de pequenos expedientes,
como a venda de peles de coelho, de papel, cartão, trapos ou ferro velho.
Uma
tarde, encontrando-se como era recorrente bem bebido e sentado na berma do
passeio a comer um pouco de peixe, acompanhado de uma fatia de pão de milho que
ia cortando com uma pequena navalha de bolso (que até utilizava para limpar as
unhas), acercou-se um polícia que lhe disse, com ar ríspido e mandão, que não
podia estar ali a comer, pelo que estando
em transgressão, o devia acompanhar à esquadra. O Pé-Leve recusou-se a ir, pois sabia que lá, encontrando-se
sozinho, arriscava-se apanhar uma grande tareia, como já acontecera de outras
vezes, numa das quais berrou tanto, que até se ouviu na rua.
Perante
o manifesto despropósito desta intervenção do polícia, de quem entretanto se
acercou um outro, juntaram-se alguns populares, com o objetivo de impedirem que
o homem fosse para o Posto.
Assim,
em vez de ser levado para aí, o Pé-Leve foi
conduzido para a cadeia comarcã, onde à guarda do Manuel Carcereiro, ficava em segurança dos abusos policiais.
NOTA-cfr. o nosso, NO TEMPO DE
SALAZAR, CAETANO E OUTROS
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