UM DIA DE TRABALHO PARA A NAÇÃO EM ALCOBAÇA (1975)
Fleming de Oliveira
Na sequência do 28 de setembro de 1975, Vasco Gonçalves
propôs que as “massas (...) façam do próximo domingo, uma jornada de
trabalho nacional, comemorando a vitória que acabámos de obter”.
O produto desse dia de trabalho teria o destino que
decidisse “a consciência revolucionária
dos trabalhadores”. Mas o Ministro do Trabalho, Maj. Costa Martins, segundo
se disse com insistência, beneficiou pessoalmente da respetiva receita.
Em 15 de janeiro de 1976, na Assembleia Constituinte,
foi acusado pelo deputado António Arnaut, PS, de se ter apropriado
indevidamente de dinheiro proveniente da campanha “Um dia de Trabalho!:
1.- Tendo tomado
conhecimento, através da imprensa, que o antigo Ministro do Trabalho, ex-Major
Costa Martins, desertor das forças armadas, teria depositado, na Caixa Geral de
Depósitos, e em seu nome pessoal, a quantia de 80 000 000$00 produto da
campanha Um dia de trabalho, patrocinada pelo General da reserva Vasco
Gonçalves;
2.- Constando que
além daquela avultada soma, o dito ex-Ministro teria levantado da referida
conta mais 3 500 000$,00 de modo a apresentar ela correspondente saldo
negativo, o que, a ser exato, envolve grave irregularidade daquela instituição;
3.- Sendo voz
pública que o mesmo ex-Ministro se encontra refugiado na Embaixada de Cuba, sem
que esta, que se saiba, tenha informado o Governo do facto, contrariando a
praxe internacional.
Requeiro ao Sr.
Primeiro-Ministro, nos termos do artigo 6.º, n.º 9, do Regimento da Assembleia
Constituinte, se digne informar-me:
a)- Se é verdade
que o indicado ex-Ministro do Trabalho depositou na Caixa Geral de Depósitos,
em seu nome pessoal, a quantia de 80 000 contos, ou qualquer outra, e qual o
saldo atual da respetiva conta:
b)- Se está em
curso o consequente inquérito e quais as conclusões já apuradas;
c)-Se o Governo
sabe do paradeiro do controverso político-militar e, designadamente, se a
Embaixada de Cuba prestou alguns esclarecimentos em face dos rumores correntes
de ele ali se encontrar.
Foi o famigerado caso do “Dia do Salário para a Nação”, que esteve durante cerca de16 anos
nos Tribunais.
Nesse Domingo, a ALTICOR, Ldª. de Altino Ribeiro também
trabalhou, mas este disse claramente aos trabalhadores que não estava de acordo
com a iniciativa, pelo que cada um daria o destino que bem entendesse ao
salário desse dia, não esperando que a empresa o fizesse por eles.
Assim, tanto quanto se recorda Altino Ribeiro que me
contou o episódio, nenhuma quantia foi dali remetida com esse destino. Foi
aliás nesse domingo, que populares de Alpedriz, tomaram a iniciativa de por sua
iniciativa, aliás estúpida, de destruir à picareta, a velha capelinha, que no
tempo das invasões francesas fora utilizada pelo exército invasor como
estrebaria e alojamento de soldados.
No domingo 6 de outubro, outros alcobacenses aderiram
porém à sugestão do Primeiro-Ministro, Brigadeiro (graduado) Vasco Gonçalves,
de trabalhar nesse dia.
Esse domingo, nem parecia domingo, pois havia bastantes
lojas de portas abertas. Muitos que não estavam de acordo com esta demagógica
iniciativa, por receio de represálias sociais, foram trabalhar.
Quando não era possível fazer-se o trabalho habitual,
faziam-se outras coisas. Na Escola Secundária de Alcobaça, os professores foram
com funcionários e alunos apanhar maçãs que, depois de pesadas, somaram trinta
e sete quilos, que repartiram deixando os alunos de fora. No Externato D.
Afonso Henriques, podaram-se as plantas do pátio e arranjaram-se os canteiros.
Na Escola Preparatória, (a funcionar na Ala Sul do Mosteiro), alunos orientados
por professores procederam caiações no interior e no exterior, limpeza da
chamada Fonte Luminosa e Adro do Mosteiro.
1 comentário:
Discordamos +1x...
Este tom de denegrir o PREC...
A história provou a inocência da atoarda contra Costa Martins!!!
Nada aqui está!
Tb não está a estória estranhíssima como ele morreu...
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