PLENÁRIO NA FIAÇÃO E TECIDOS DE ALCOBAÇA.
O FEITIÇO CONTRA O FEITICEIRO.
Fleming de Oliveira
Em princípios de abril de 1975, realizou-se uma
Assembleia de Operários da Companhia Fiação e Tecidos de Alcobaça, promovida
pela União dos Sindicatos de Leiria.
Além de assuntos de caráter sindical, foi reclamada a
reabertura da creche, fechada há muito, agora tida como necessidade premente,
pois a maioria do operariado era composto por mulheres.
Também foi
aventada a possibilidade de ocupação de algumas casas do bairro da
empresa, que se encontravam devolutas. Embora o diretor da empresa Dr. Joel fosse pessoa tido por ligada
ao MDP/CDE (embora antes do 25 de abril nunca tivesse assumido posições
políticas), a ideia não colheu grande aplauso entre os operários, pois que como
o operário/agricultor Manuel Alves salientou, “o feitiço poderia voltar-se contra o feiticeiro”.
De facto, nem ele nem os demais operários de “esquerda” esqueciam que muitas famílias
tinham outra habitação, para além da que onde viviam no dia a dia.
O
condutor do automóvel acedeu à ideia, mas logo tentou fugir, pelo que com a
ajuda de José Lopes da Silva, que passava no momento, acabou por ser detido. No
automóvel e nos bolsos foram encontradas mais notas falsas, prontas a entrar em
circulação. O passador, um tal Nelson, foi preso e referiu que já havia passado
duas notas em cafés de Tornada/Alfeizerão. Apreendidas, contaram-se 17 notas de
1.000$00 e apurou-se elas vinham da Lourinhã, através de um tal Anacleto, que
espalhara os seus agentes pelo país. Mais seis notas tinham sido passadas na
Nazaré, aproveitando se os burlões das festas do Sítio, embora não fossem de
grande qualidade. Apurou-se, porém, que estes não foram os passadores do dia
anterior, no Café Rosa, de S. Martinho do Porto.
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