-FORTES EMOÇÕES EM 1936.
O GRAF
ZAPPELIN-
Fleming
de Oliveira
O ano
de 1936 foi pródigo em visitas a Alcobaça de altos dignitários do Regime.
Em abril,
visitaram Alcobaça, o Presidente da República (Gen. Carmona) e o Ministro do
Interior, a propósito das comemorações do I Centenário do Asilo de Mendicidade
de Lisboa (agora em Alcobaça) e de uma visita à Empresa de Cimentos de Leiria,
em Maceira.
Nessa
altura, Manuel da Silva Carolino (indefetível corporativista), foi agraciado
numa sessão nos Paços do Concelho, com o grau de Oficial da Ordem de Cristo. A
condecoração que muito ambicionava e envaideceu, foi justificada pelo Governo
como recompensa
moral da sua atividade (em prol do regime) e o prémio pela sua ação administrativa.
A 14 de Agosto, Carmona voltou a Alcobaça, agora na
companhia de Salazar, numa receção que contou com a presença das autoridades
locais, muitos populares, crianças das escolas primárias, Bombeiros Voluntários,
Bombeiros e Banda da Companhia de Fiação e Tecidos, Banda do Asilo de
Mendicidade, Filarmónicas de Turquel, Cela e Santa Catarina, Casas do Povo de
Alcobaça e Alfeizerão, acompanhados dos respetivos estandartes e bandeiras.
As
janelas das casas da Praça do Município encontravam-se engalanadas, o que
contribuiu com o foguetório para o ambiente festivo, que se quis conferir à
receção. O trânsito foi regulado e feita uma rusga na procura de deter
eventuais agitadores que fossem encontrados. Por via de dúvidas alguns
conhecidos oposionistas ausentaram-se da vila.
Este
mês de agosto de 1936 também trouxe outras emoções a alguns alcobacenses, como
relatavam os que por volta da uma e meia da noite do dia 20 para o dia 21 se
encontravam acordados e viram passar o Graf Zappelin, um majestoso balão que
regressava do Rio de Janeiro, viagem que durava 4 dias, percorrida à velocidade
média de 350 /400Km.h. Rasgando o céu, essa enorme aeronave em forma de charuto
atraiu os olhares de alguns que estavam na rua, tirou gente de casa e nunca
mais saiu da memória de quem a viu.
O LZ
127 Graf Zeppelin era a grandiosidade personificada e simbolizava os avanços do
transporte aéreo na época.
O Dr.
Magalhães contava que nos Montes, houve pessoas entre as quais um seu
jornaleiro (servo como então se dizia),
que apanharam um susto tão grande que nessa noite não mais dormiram.
O
balão tinha 213 m
de comprimento, transportava 35 passageiros, 45 tripulantes e um volume de 105.000 m³ , sendo o
maior dirigível da história. Quem observasse de fora a silhueta elegante e
inconfundível do Graf Zeppelin, não imaginava o conforto que proporcionava aos
passageiros, pois dispunha de suites, salas de jantar e estar, área para
fumadores e sala de rádio. O Graf Zeppelin, contava ainda com 12 camarotes, com
dois beliches cada e cabines de luxo.
Nos sanitários, além dos lavatórios, havia banheiras que confirmavam a fama de
hotel voador.
Nenhum
acidente foi registado com o Graf Zeppelin LZ 127. Foi desmanchado em 1940,
após a tragédia com o seu irmão Hindenburg, em Nova York, e a estrutura foi
utilizada para a confeção de material bélico para a II Guerra.
NOTA-cfr. o nosso, NO TEMPO DE
SALAZAR, CAETANO E OUTROS
Sem comentários:
Enviar um comentário