quinta-feira, 17 de abril de 2014

-FORTES EMOÇÕES EM 1936. O GRAF ZAPPELIN-

 
-FORTES EMOÇÕES EM 1936.
 O GRAF ZAPPELIN-

Fleming de Oliveira


O ano de 1936 foi pródigo em visitas a Alcobaça de altos dignitários do Regime.
Em abril, visitaram Alcobaça, o Presidente da República (Gen. Carmona) e o Ministro do Interior, a propósito das comemorações do I Centenário do Asilo de Mendicidade de Lisboa (agora em Alcobaça) e de uma visita à Empresa de Cimentos de Leiria, em Maceira.
Nessa altura, Manuel da Silva Carolino (indefetível corporativista), foi agraciado numa sessão nos Paços do Concelho, com o grau de Oficial da Ordem de Cristo. A condecoração que muito ambicionava e envaideceu, foi justificada pelo Governo como  recompensa moral da sua atividade (em prol do regime) e o prémio pela sua ação administrativa.
 A 14 de Agosto, Carmona voltou a Alcobaça, agora na companhia de Salazar, numa receção que contou com a presença das autoridades locais, muitos populares, crianças das escolas primárias, Bombeiros Voluntários, Bombeiros e Banda da Companhia de Fiação e Tecidos, Banda do Asilo de Mendicidade, Filarmónicas de Turquel, Cela e Santa Catarina, Casas do Povo de Alcobaça e Alfeizerão, acompanhados dos respetivos estandartes e bandeiras.
As janelas das casas da Praça do Município encontravam-se engalanadas, o que contribuiu com o foguetório para o ambiente festivo, que se quis conferir à receção. O trânsito foi regulado e feita uma rusga na procura de deter eventuais agitadores que fossem encontrados. Por via de dúvidas alguns conhecidos oposionistas ausentaram-se da vila.

Este mês de agosto de 1936 também trouxe outras emoções a alguns alcobacenses, como relatavam os que por volta da uma e meia da noite do dia 20 para o dia 21 se encontravam acordados e viram passar o Graf Zappelin, um majestoso balão que regressava do Rio de Janeiro, viagem que durava 4 dias, percorrida à velocidade média de 350 /400Km.h. Rasgando o céu, essa enorme aeronave em forma de charuto atraiu os olhares de alguns que estavam na rua, tirou gente de casa e nunca mais saiu da memória de quem a viu.
O LZ 127 Graf Zeppelin era a grandiosidade personificada e simbolizava os avanços do transporte aéreo na época.

O Dr. Magalhães contava que nos Montes, houve pessoas entre as quais um seu jornaleiro (servo como então se dizia), que apanharam um susto tão grande que nessa noite não mais dormiram.
O balão tinha 213 m de comprimento, transportava 35 passageiros, 45 tripulantes e um volume de 105.000 m³, sendo o maior dirigível da história. Quem observasse de fora a silhueta elegante e inconfundível do Graf Zeppelin, não imaginava o conforto que proporcionava aos passageiros, pois dispunha de suites, salas de jantar e estar, área para fumadores e sala de rádio. O Graf Zeppelin, contava ainda com 12 camarotes, com dois beliches cada  e cabines de luxo. Nos sanitários, além dos lavatórios, havia banheiras que confirmavam a fama de hotel voador.
Nenhum acidente foi registado com o Graf Zeppelin LZ 127. Foi desmanchado em 1940, após a tragédia com o seu irmão Hindenburg, em Nova York, e a estrutura foi utilizada para a confeção de material bélico para a II Guerra.
NOTA-cfr. o nosso, NO TEMPO DE SALAZAR, CAETANO E OUTROS


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