FEMINISTAS
ANTES E DEPOIS DE ABRIL
Fleming
de Oliveira
A
primeira manifestação feminista em Portugal depois da revolução do 25 de abril
promovida pela UMAR-União de Mulheres Alternativa e Resposta, no Parque Eduardo
VII, a 13 de janeiro de 1975, fez-se contra os símbolos da opressão das
mulheres silenciadas e foi escarnecida por homens, que se juntaram para a ela
assistirem, alguns dos quais malevolamente a descreveriam, e tentariam reduzir,
a um ato de queima de soutiens.
Garante
quem nele participou, como a feminista radical e militante, antiga professora
do ensino básico, Zulmira Gomes, de Caldas da Rainha, que isso nunca aconteceu.
Zulmira
Gomes, hoje reformada, recorda-se bem da data, pois nesse dia teve um acidente
de viação ao sair da “Ponderosa” onde
parara, para um breve jantar no regresso de Lisboa, a casa.
Embora,
nem todas as manifestantes comungassem o mesmo conceito de feminismo, Zulmira
diz que era e é radicalmente contra o que diz ser o falso feminismo (grosseira
imitação do homem), o que é uma imagem deturpada daquilo porque lutava e
aspirava. Este conceito acarretava a que os homens se rissem ou indignassem e
que mulheres, no tempo em que ainda coravam..., pensassem que era falta grave
cometida por umas tantas tolas, mas que com elas não se identificavam.
Podemos encontrar já movimentos em prol da defesa dos
direitos da mulher e da igualdade, no tempo da I República.
Fundada em 1909, a “Liga
Republicana das Mulheres Portuguesas”, que no ano seguinte atingiu cerca de
500 filiadas, teve um papel determinante, na luta pela liberdade e igualdade
dos direitos da mulher e homem.
Liderada por mulheres como Ana de Castro Osório,
Adelaide Cabete e Maria Veleda, a Liga elaborou um programa de educação e
defendeu o direito ao voto das mulheres. A lei eleitoral de 1911, não era
explícita quanto à restrição do direito voto das mulheres, tanto assim que
Carolina Beatriz Ângelo, conseguiu inscrever-se nos cadernos eleitorais,
tornando-se na primeira mulher eleitora, nas eleições legislativas de 1911.
Mas a audácia desta médica não teve continuidade, pois logo
em 1913, a
lei retirou às mulheres o direito de participar em eleições.
Só em 1931, em pleno Estado Novo, as mulheres voltaram a
gozar daquele direito. Carolina Michaëlis de Vasconcelos, destacou-se pelo
facto de em 1911, ser a primeira professora universitária. Mas foi durante a I
Guerra Mundial que a participação das mulheres se evidenciou definitivamente.
Apareceram organizações de mulheres que se dedicaram ao apoio à vítimas da
Guerra, como as “Damas Enfermeiras da
Cruz Vermelha Portuguesa”, de inspiração republicana, tanto mais que a
presidente era Alzira Dantas Machado, mulher de Bernardino Machado.
Também faziam parte, entre outras, as mulheres de Afonso
Costa, António José de Almeida e Norton de Matos. Além de promoverem a
assistência e a educação das mulheres dos soldados que lutavam na Guerra na
França ou Flandres, fundaram escolas profissionais e lutaram pela igualdade de
direitos entre homem e mulher.
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