segunda-feira, 28 de abril de 2014

FORCA NA BENEDITA PARA OS PROFESSORES COMUNISTAS DO CICLO. TIMÓTIO DE MATOS.

 

FORCA NA BENEDITA PARA OS PROFESSORES COMUNISTAS DO CICLO.
TIMÓTIO DE MATOS.


Fleming de Oliveira


Timóteo de Matos, há muitos anos foi um professor “progressista”.
Guarda boas e outras menos boas recordações desses tempos agitados e irrepetíveis que, segundo me disse, não tem receio em recordar, embora o faça de forma cuidadosa em estilo “português suave”, aparentemente contraditória/revisionista com o seu passado público, político.
É pessoa com sentido de humor, que por vezes raia a provocação, ao mesmo tempo que preza o direito (e dever) de pensar por si próprio e, se necessário, mudar de posição.
Militante e ativista do PC no 25 de Abril, há bastante tempo não tem intervenção político-partidária, embora não o renegue a ideologia mas, eventualmente, a sua praxis. Foi candidato à Presidência da Câmara Municipal de Alcobaça pelo PC, em 1976, nas primeiras eleições autárquicas democráticas, não conseguindo obter um resultado que lhe daria um assento de vereador. Nestas eleições, concorreu também contra mim, que perdi como se sabe para Miguel Guerra (PS).

“O dia 25 de Abril de 1974 foi aquele em que faltei às aulas, pela segunda vez, nesse ano letivo”.
Ainda não solicitador (no que veio a ter uma distinta carreira), “dava aulas de Português na Escola do Ciclo Preparatório da Benedita, que era uma secção da de Alcobaça. A primeira falta tinha sido, já não recordo o motivo, no dia 16 de março, data em que as tropas das Caldas da Rainha, comandadas pelo capitão Armando Marques Ramos, tinham marchado até quase às portas de Lisboa. Sendo pessoa declaradamente de oposição, os colegas julgavam-me um elemento com grandes ligações clandestinas, pelo que tive dificuldades em explicar-lhes que nada sabia do que se tinha passado”.
Quando apareceu na escola, lá pela tarde do dia 25 de Abril, já a rádio tinha dado conta do essencial. Todavia, quanto mais negava a participação ou até o conhecimento prévio da revolta dos capitães, mais os colegas julgavam que estava a disfarçar, pois sabiam que deixara a tropa há escassos meses e que devia estar a par do segredo.
“Não sabia de nada (assegurou-me ele), mas durante muito tempo alguns deles ficaram convencidos da minha importância no Movimento mas, como não passei da cepa-torta, acabaram por aceitar a minha nulidade revolucionária”.

A partir desse dia, nada ficou igual na Escola da Benedita.
Pode dizer-se mesmo que, até ao fim do ano letivo, (aliás faltava pouco mais de um mês), pouca matéria foi dada, no sentido de assegurar o cumprimento dos programas curriculares.
“Quer os alunos adultos, dos cursos noturnos, quer os mais jovens, durante o dia, queriam sempre saber mais sobre as questões políticas, continuamente versadas na televisão e não havia maneira de dar-lhes a volta”.
Dias depois, a Diretora, Profª. Maria Antónia Leão Costa, convocou, para Alcobaça, todos os professores da Escola que incluía, além da secção da Benedita, a de S. Martinho do Porto. Timótio teve o cuidado de me destacar que “para além de respeitada pela sua competência e capacidade de direção, era pessoa bastante querida de todos os professores ou, pelo menos, da sua generalidade. Ninguém ficou, admirado por ter sido, nesse dia, eleita Presidente. Foi o único elemento a ser eleito por unanimidade, já que para a eleição, cada professor escrevia três nomes no boletim, sendo apurados os que somassem mais votos. A Comissão Diretiva, de que também fiz parte, foi a primeira a ser eleita em qualquer escola do País e viria, mais tarde, a ser homologada pelo Ministério da Educação”.
No sábado seguinte, os professores foram convocados para uma nova reunião.
“Foi uma sessão memorável, que recordo com alguma tristeza. Por razões que nunca cheguei a compreender totalmente, a Presidente demitiu-se e negou reconhecer qualquer autoridade a Comissão Diretiva. Por sua vez, esta resolveu manter-se em funções, assumindo o lugar o Vice-Presidente, Nuno Luzindro que tinha sido o Sub-Diretor da Escola. Ainda hoje lamento essa demissão, sobretudo porque tinha, e mantenho!, grande respeito e consideração pela Drª. Maria Antónia, dadas as qualidades especiais para o cargo”.
Mas as aulas prosseguiram e, antes das férias, vieram os exames, onde “terá havido uma boa dose de facilitismo. Não tenha a certeza, mas estou em crer que, na nossa Escola, nenhum aluno terá chumbado….”
Aberto o novo ano, foi difícil o recomeço das aulas, já que se matricularam muito mais alunos, o que levou a uma complicada colocação de professores, em morosos concursos. Só em fevereiro todos os professores estavam colocados e a Escola a trabalhar em pleno, isto é, a funcionar mesmo. Havia um empenhamento especial por parte dos professores (como salienta Timóteo de Matos), pois “sentiam uma imensa sensação de liberdade e uma enorme vontade de fazer coisas novas, de melhorar o trabalho. Por sua vez, os alunos, apesar de mais irrequietos, por respirarem um ar diferente, dedicavam-se ao trabalho com alma. A anarquia nunca tomou conta da Escola e as aulas decorreram muito satisfatoriamente”.
A partir daí, os alunos participaram, pela primeira vez, em provas de atletismo a nível regional e o seu comportamento foi mesmo superior ao que se esperava.
No fim do ano escolar de 1975 na Escola (preparatória) da Benedita para assinalar a data, houve um programa especial de atividades, destacando-se as provas de atletismo para alunos de ambos os sexos, sendo de realçar que, na prova de 1.500 metros, inscreveram-se 70 alunos. Houve jogos de futebol, embora cada jogo fosse apenas 25 minutos, com mini-equipas mistas de 6 jogadores, compostas por professores e professoras. À noite, no Salão Paroquial, decorreu um concurso de coros escolares, formados nas diversas turmas e no final uma representação pelo TEUC-Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra.
Nesse ano, quase todos os professores tentaram a prática de aulas ao ar livre, em contacto com a natureza.
Na disciplina de Estudos Sociais, o currículo escolar da rubrica Estudo do Meio, “foi cumprido com diversos passeios pelas redondezas e não me arrependi. Os alunos, miúdos de onze, doze ou treze anos, aderiram à ideia e sempre me pareceu que consegui alguma coisa de aproveitável, embora possa admitir que se pode proporcionar a uma grande dispersão se o professor não tiver a preparação e a sensibilidade necessárias para não deixar fugir os alunos”.
Na disciplina de Estudos Sociais, que dava boa capacidade de manobra, havia temas a tratar, como alimentação, habitação, saúde, paz, liberdade, etc., e então, para gáudio da miudagem, Timótio abria as aulas com a canção em voga do Sérgio Godinho, “Liberdade”, que começava com as ideias fortes de  paz, pão, habitação e saúde.

Da aproximação entre professores e alunos, nasceram atividades culturais que estimulou, tendo numa turma sido escrita e representada para a Escola, uma comédia que aproveitava o novo sistema de classificação, de 1 a 5, de se aplicar apenas ao 1º. ano, enquanto o anterior, de 1 a 20, se mantinha para os alunos do 2º. ano.
Esta questão baralhava alguns pais, menos informados que, não raramente, puniam os filhos do 1º. ano, porque tinham quatros e cincos, e premiavam os do segundo que tinham fartas doses de setes e oitos.
Porque os tempos eram de revolução “lembro-me bem das aulas de Português do primeiro ano em que lemos, estudámos e comentámos, a obra de Alves Redol Constantino Guardador de Vacas e de Sonhos. Aí sim, com grande vantagem para os alunos, em minha opinião, dado tratar-se de um livro excelente para aquelas idades, que o leram com gosto”.

Entretanto, a Escola da Benedita tinha sido autonomizada e eleito um Conselho Diretivo, no qual Timóteo de Matos assumiu as funções de Presidente. Numa tentativa de dar voz aos elementos da Escola, o Conselho incluía, de acordo com as normas do Ministério da Educação, além de professores e alunos, um elemento do pessoal auxiliar e outro da secretaria.
Como a secretaria tinha apenas um elemento por falta de verbas, Maria José (Zeca) Jorge passou a integrar o Conselho Diretivo.
“Devo dizer que a sua inteligência, afabilidade e rigor no trabalho, aliados a uma grande simpatia, cativaram-me a mim e a Escola. Como ela tinha muito trabalho, que dificilmente conseguia cumprir, cabia-me ajudá-la e, ao longo do tempo, a amizade entre nós foi crescendo ao ponto de ter sido a ela que convidei para madrinha de casamento. Aqui fica, pois, a minha homenagem à Zeca, hoje Dr.ª Maria José, por tudo aquilo que foi, para todos nós, professores e alunos da Escola”.
Apesar de ter aumentado, rapidamente, o número de professores, de 13 passaram a 37, a verdade é que, o que melhor como salienta, era o espírito de entreajuda e a camaradagem existente, sobretudo os que se deslocavam de Alcobaça.

Será que então era essa a ideia?
Não vou discordar, mas salientar que agora é politicamente correto dize-lo.
“Éramos muitos e tínhamos um horário em que revezávamos os carros, para transporte de todos”.
Pese embora o risco de esquecer alguns, Timóteo de Matos lembra-me “os que me foram mais próximos e sempre me ajudaram nos dois anos em que fui Presidente do Conselho Diretivo”, apesar de reconhecer, ter sido, por vezes, demasiado duro na direção e nem sempre isento de burocracias, com a Maria do Carmo Pinto de Abreu, a Ana Maria Fleming de Oliveira, suas colegas na disciplina de Português e História, a Maria Helena Cadillon, o Carlos Pinto de Abreu, o João de Matos e a Elisa Rito, na Matemática e Ciências, a Alice Subtil e a Maria Eugénia, em Francês e a Fernanda Silva, na Educação Visual, a Fátima Pragosa, da Batalha, o António Fonseca e os irmãos Fernando e João Maurício, todos estes da Benedita.

No dia 11 de novembro de 1975, Ana Fleming de Oliveira teve de se deslocar a Abrantes com mais colegas, para uma reunião de trabalho, ao serviço da escola, a cujas aulas, portanto, faltou.
No caminho, para os lados de Tancos, encontrou barricadas na estrada, compostas de civis e militares, barbudos e armados. Na dia seguinte, Fernanda Silva, ativista irrequieta e muito pouco preparada, desbocada e estouvada, (dizia-se que leu a “cartilha” num intervalo do almoço de um hambúrguer e coca-cola), pôs a correr junto dos colegas que Ana Maria faltara às aulas, pela razão de ser uma impenitente reacionária/fascista e receara as consequências do golpe frustrado, alegadamente spinolista.
Como no dia seguinte, quem devia levar o carro, com os colegas de Alcobaça, era Ana Fleming de Oliveira, deixou em terra a Fernanda, que teve que ir sozinha no seu, e a meio caminho passou a buzinar, em boa velocidade e com ar amuado, que manteve por dois dias.

“Nesse tempo”, continuou a contar-me Timóteo de Matos, “andávamos entusiasmados na Fundação do Sindicato dos Professores do Centro”.
A votação dos Estatutos na generalidade, ocorreu, num pavilhão, cheio como um ovo, em Coimbra. Após discursos e respetivos aplausos da direita ou da esquerda, passou-se à votação “renhida como não poderia deixar de ser, de tal modo que foi necessário separar para a esquerda os apoiantes de um projeto e para a direita os apoiantes do outro. Do lado esquerdo, cantava-se o Venceremos! e outras melodias afins. Do lado direito, não me lembro. A verdade é que perdemos, por pouco, é certo, mas perdemos. Rejubilavam os de lá e apupávamo-los nós, com uns Abaixo a Reação! e quejandos”.
Os Estatutos teriam ainda que ser votados na especialidade, pelo que durante vários fins de semana consecutivos, Timótio de Matos lá  andou por Castelo Branco, Aveiro ou Leiria, correndo as capitais dos Distritos do Centro de País, até à aprovação final das dezenas e dezenas de artigos.
“Vingança consumada, dado os estatutos estarem de novo alterados, quase, quase iguaizinhos à proposta derrotada em Coimbra”.

Na Benedita, a escola funcionava, por “empréstimo”, nas instalações do Instituto de Nossa Senhora da Encarnação, onde tinham aulas os alunos do Ensino Secundário, particular, de que era diretor o prof. Gonçalves Sapinho, e do Ciclo Preparatório, oficial e que, pode dizer-se, rebentava pelas costuras. Havia, segundo Timóteo de Matos, “amizade, respeito mútuo e colaboração entre ambos os responsáveis, que permitiu fazer milagres para acomodação de toda a gente. Ainda há pouco, em conversa entre ambos, recordámos a grande dificuldade que era a falta de salas”.
E como um dia lhe lembrou Gonçalves Sapinho (com quem mantinha relações cordiais), faziam horários com aulas de 45 minutos, em vez dos 50 regulamentares e intervalos de 5 minutos, no lugar de 10, para poder ganhar mais uma aula diária em cada sala.
“Nesses gloriosos tempos”, expressão encomiástica de Timóteo de Matos, talvez aqui metida à pressão por uma razão de estilo, “era possível usar a criatividade revolucionária ou mesmo o desenrascar à portuguesa. Não tínhamos pavilhão, não tínhamos campo de jogos, mas arranjava-se sempre maneira de dar aulas de Educação Física. E até atividades físicas extraordinárias, para as quais era indispensável um pavilhão. Como o não tínhamos e incluímos esses tempos nos horários, até que veio um inspetor que os cortou, com grande mágoa minha que queria, por força, criar todos os postos de trabalho possíveis”.
Como as salas eram insuficientes e o edifício apertado para duas escolas, começou a considerar-se a necessidade de construir um novo edifício. E assim foi uma delegação da Benedita a Lisboa, apresentar o assunto à Direção Geral do Ensino Básico.
“Levávamos a promessa de um terreno e da ajuda da população, pois a Benedita teve sempre o hábito e o gosto de despir a camisa quando há obra a fazer na terra”.
A Benedita não estava na lista das primeiras escolas a construir mas, “se tínhamos terreno oferecido, mão de obra e materiais, pois então a escola passaria para os primeiros lugares da lista”.
Sentimento e força que, segundo Timóteo de Matos, vieram a falhar porque, à última hora, numa reunião com a população no Salão Paroquial, foi deliberado  (entre grande polémica e disputa), que a Freguesia ofereceria um terreno que, porém, não tinha condições para o efeito, enquanto recusou oferecer um outro, isto é, aquele onde hoje se situa o excelente Centro Cultural Gonçalves Sapinho.
A Benedita teria de esperar, muito tempo, até ter a sua nova escola, aliás com “juros”, pois é excelente.

Estava a chegar o Verão Quente (1975) e a contestação, por parte de algumas pessoas da Benedita, era forte, mas até então apenas fora da Escola.
Um dia à entrada, “encontrámos uma forca muito bem feita e montada, da qual pendia um cartaz que rezava: FORCA PARA OS PROFESSORES COMUNISTAS DO CICLO. Pessoal auxiliar, alunos e professores mostraram-se chocados. Lembro-me que muitos se me dirigiram, querendo removê-la, alguns balbuciando desculpas de uma situação de que não tinham qualquer responsabilidade. Que não! lhes fui dizendo. Que aquilo era apenas de ignorantes que não sabiam escrever e que o que queriam dizer, era: FORÇA PARA OS PROFESSORES COMUNISTAS DO CICLO”.
“Tratava-se de um incentivo”, argumentava Timóteo de Matos para consumo externo, mostrando-se forte por fora.
Mas a verdade é que não gostou da gracinha e, tira não tira, acabou por ser o prof. Sapinho, a mandar retirá-la e resolver o incómodo.
Gonçalves Sapinho disse-me por sua vez que a “forca” foi retirada imediatamente e sem quaisquer hesitações, sendo um equívoco dizer-se o contrário.

Passados muitos anos, recorda de uma forma esbatida e cor de rosa, esses dias agitados, pois “a escola, medianamente revolucionária, com uns pozinhos de anarquia e, paradoxalmente, uma grande disciplina, pelo menos aquela Escola da Benedita onde estive, foi muito superior à anterior, fechada e mecânica e também à atual, onde cada um cuida de si, pensa em acabar as aulas, ir para casa e esperar pelas férias. Na minha Escola faziam-se experiências, hoje impossíveis. Era mais solidária, mais aberta”.

Por essa altura, segundo o correspondente do Voz de Alcobaça, J. Pereira Maurício, “muito se tem falado da nacionalização do Externato da Benedita mas, segundo fontes geralmente bem informadas, nada existe de concreto, pois, tudo o que se diz, é exagero”.
Contudo, o articulista entendia que, mesmo assim, sendo mero boato para agitar, deveria exprimir uma opinião, pois “num futuro mais ao menos longo, a Escola Preparatória Frei António Brandão irá substituir o Externato a nível de cursos gerais. Querer evitar isso é pura estupidez, será o mesmo que querer parar o vento com as mãos (…). O Externato pode e deve completar a formação dos jovens saídos da escola preparatória. O Externato não deve morrer, mas sim adaptar-se à nova realidade”.
Seguramente Maurício desconhecia ou queria esquecer, a importância da ação do Externato Cooperativo, que arrancou em regime experimental, a 12 de outubro de 1962 e começou a funcionar numa antiga fábrica adaptada para o efeito, sita no “Por do Sol”.
Foi este, se não o primeiro, mas seguramente um dos primeiros estabelecimentos de ensino secundário criado numa aldeia, com rápida e grande influência na Benedita e arredores, como fator de progresso e dinamização, aumentando espetacularmente o seu nível de literacia, até então muitíssimo baixo, alterando o modo de vida, e aspirações especialmente dos jovens, com perspetivas de emprego e promoção social impensáveis. Foi também até 1975, a primeira cooperativa de ensino em Portugal, servindo como pioneira de modelo a outras entretanto surgidas. Não é pois, por acaso, que a Freguesia da Benedita, em termos de literacia, se situa num dos primeiros lugares do ranking nacional, entre as congéneres.

Para Gonçalves Sapinho, o grande responsável pelo sucesso deste estabelecimento de ensino, “o Externato Cooperativo da Benedita contribuiu significativamente para o desenvolvimento socioeconómico e cultural da vila, agindo com espírito aberto, promovendo a cultura e evitando ocupar espaços da sociedade civil na área cultural. Considero que o tempo mais rico da minha vida foi o que dediquei ao ECB, tendo participado na sua organização e reestruturação ao longo de décadas, preparando-o para os desafios do futuro, adaptando-o às circunstâncias político-sociais, nacionais e locais, e fazendo todos os investimentos imobiliários e mobiliários que estão hoje à vista. A primeira grande revolução foi acabar com os Cursos de Formação de Serralheiros e de Formação Feminina que eram, financeiramente, insustentáveis. Procedeu-se então, sempre com o apoio dos Órgãos Sociais da Cooperativa, à substituição destes cursos pelo Curso Geral de Administração e Comércio, que passou a ser misto e permitia o prosseguimento de estudos. Por outro lado, criaram-se os cursos diurnos gerais dos liceus. As consequências destas medidas foram bastante positivas, na medida em que os alunos continuavam a estudar, incentivando, assim, as gerações mais novas a fazê-lo também. Naturalmente que houve dificuldades. O Ministério da Educação indeferiu a criação do liceu. Corremos o risco de pôr a funcionar legalmente algo que era ilegal. O sucesso que vivi enquanto Diretor Pedagógico é ver a escola como ela está: uma das melhores escolas do país do ponto de vista das estruturas físicas e do corpo docente.”


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