FORCA NA BENEDITA PARA OS PROFESSORES COMUNISTAS DO
CICLO.
TIMÓTIO DE MATOS.
Fleming de Oliveira
Timóteo de Matos, há muitos anos foi um professor “progressista”.
Guarda boas e outras menos boas recordações desses
tempos agitados e irrepetíveis que, segundo me disse, não tem receio em
recordar, embora o faça de forma cuidadosa em estilo “português suave”, aparentemente contraditória/revisionista com o
seu passado público, político.
É pessoa com sentido de humor, que por vezes raia a
provocação, ao mesmo tempo que preza o direito (e dever) de pensar por si
próprio e, se necessário, mudar de posição.
Militante e ativista do PC no 25 de Abril, há bastante
tempo não tem intervenção político-partidária, embora não o renegue a ideologia
mas, eventualmente, a sua praxis. Foi candidato à Presidência da Câmara
Municipal de Alcobaça pelo PC, em 1976, nas primeiras eleições autárquicas
democráticas, não conseguindo obter um resultado que lhe daria um assento de
vereador. Nestas eleições, concorreu também contra mim, que perdi como se sabe
para Miguel Guerra (PS).
“O dia 25 de Abril
de 1974 foi aquele em que faltei às aulas, pela segunda vez, nesse ano letivo”.
Ainda não solicitador (no que veio a ter uma distinta
carreira), “dava aulas de Português na Escola
do Ciclo Preparatório da Benedita, que era uma secção da de Alcobaça. A
primeira falta tinha sido, já não recordo o motivo, no dia 16 de março, data em
que as tropas das Caldas da Rainha, comandadas pelo capitão Armando Marques
Ramos, tinham marchado até quase às portas de Lisboa. Sendo pessoa
declaradamente de oposição, os colegas julgavam-me um elemento com grandes
ligações clandestinas, pelo que tive dificuldades em explicar-lhes que nada
sabia do que se tinha passado”.
Quando apareceu na escola, lá pela tarde do dia 25 de
Abril, já a rádio tinha dado conta do essencial. Todavia, quanto mais negava a
participação ou até o conhecimento prévio da revolta dos capitães, mais os
colegas julgavam que estava a disfarçar, pois sabiam que deixara a tropa há
escassos meses e que devia estar a par do segredo.
“Não sabia de nada (assegurou-me ele),
mas durante muito tempo alguns deles ficaram convencidos da minha importância
no Movimento mas, como não passei da
cepa-torta, acabaram por aceitar a minha nulidade revolucionária”.
A partir desse dia, nada ficou igual na Escola da
Benedita.
Pode dizer-se mesmo que, até ao fim do ano letivo,
(aliás faltava pouco mais de um mês), pouca matéria foi dada, no sentido de
assegurar o cumprimento dos programas curriculares.
“Quer os alunos
adultos, dos cursos noturnos, quer os mais jovens, durante o dia, queriam
sempre saber mais sobre as questões políticas, continuamente versadas na
televisão e não havia maneira de dar-lhes a volta”.
Dias depois, a Diretora, Profª. Maria Antónia Leão
Costa, convocou, para Alcobaça, todos os professores da Escola que incluía,
além da secção da Benedita, a de S. Martinho do Porto. Timótio teve o cuidado
de me destacar que “para além de
respeitada pela sua competência e capacidade de direção, era pessoa bastante
querida de todos os professores ou, pelo menos, da sua generalidade. Ninguém
ficou, admirado por ter sido, nesse dia, eleita Presidente. Foi o único elemento a ser eleito por
unanimidade, já que para a eleição, cada professor escrevia três nomes no
boletim, sendo apurados os que somassem mais votos. A Comissão Diretiva, de que
também fiz parte, foi a primeira a ser eleita em qualquer escola do País e
viria, mais tarde, a ser homologada pelo Ministério da Educação”.
No sábado seguinte, os professores foram convocados para
uma nova reunião.
“Foi uma sessão
memorável, que recordo com alguma tristeza. Por razões que nunca cheguei a
compreender totalmente, a Presidente demitiu-se e negou reconhecer qualquer
autoridade a Comissão Diretiva. Por sua vez, esta resolveu manter-se em
funções, assumindo o lugar o Vice-Presidente, Nuno Luzindro que tinha sido o
Sub-Diretor da Escola. Ainda hoje lamento essa demissão, sobretudo porque
tinha, e mantenho!, grande respeito e consideração pela Drª. Maria Antónia,
dadas as qualidades especiais para o cargo”.
Mas as aulas prosseguiram e, antes das férias, vieram os
exames, onde “terá havido uma boa dose de
facilitismo. Não tenha a certeza, mas
estou em crer que, na nossa Escola, nenhum aluno terá chumbado….”
Aberto o novo ano, foi difícil o recomeço das aulas, já
que se matricularam muito mais alunos, o que levou a uma complicada colocação
de professores, em morosos concursos. Só em fevereiro todos os professores
estavam colocados e a Escola a trabalhar em pleno, isto é, a funcionar mesmo.
Havia um empenhamento especial por parte dos professores (como salienta Timóteo
de Matos), pois “sentiam uma imensa
sensação de liberdade e uma enorme vontade de fazer coisas novas, de melhorar o
trabalho. Por sua vez, os alunos, apesar de mais irrequietos, por respirarem um
ar diferente, dedicavam-se ao trabalho com alma. A anarquia nunca tomou conta
da Escola e as aulas decorreram muito satisfatoriamente”.
A partir daí, os alunos participaram, pela primeira vez,
em provas de atletismo a nível regional e o seu comportamento foi mesmo
superior ao que se esperava.
No fim do ano escolar de 1975 na Escola (preparatória)
da Benedita para assinalar a data, houve um programa especial de atividades,
destacando-se as provas de atletismo para alunos de ambos os sexos, sendo de
realçar que, na prova de 1.500 metros, inscreveram-se 70 alunos. Houve jogos de
futebol, embora cada jogo fosse apenas 25 minutos, com mini-equipas mistas de 6
jogadores, compostas por professores e professoras. À noite, no Salão
Paroquial, decorreu um concurso de coros escolares, formados nas diversas
turmas e no final uma representação pelo TEUC-Teatro dos Estudantes da
Universidade de Coimbra.
Nesse ano, quase todos os professores tentaram a prática
de aulas ao ar livre, em contacto com a natureza.
Na disciplina de Estudos Sociais, o currículo escolar da
rubrica Estudo do Meio, “foi cumprido com
diversos passeios pelas redondezas e não me arrependi. Os alunos, miúdos de
onze, doze ou treze anos, aderiram à ideia e sempre me pareceu que consegui
alguma coisa de aproveitável, embora possa admitir que se pode proporcionar a
uma grande dispersão se o professor não tiver a preparação e a sensibilidade
necessárias para não deixar fugir os alunos”.
Na disciplina de Estudos Sociais, que dava boa
capacidade de manobra, havia temas a tratar, como alimentação, habitação,
saúde, paz, liberdade, etc., e então, para gáudio da miudagem, Timótio abria as
aulas com a canção em voga do Sérgio Godinho, “Liberdade”, que começava com as ideias fortes de paz, pão, habitação e saúde.
Da aproximação entre professores e alunos, nasceram
atividades culturais que estimulou, tendo numa turma sido escrita e
representada para a Escola, uma comédia que aproveitava o novo sistema de
classificação, de 1 a
5, de se aplicar apenas ao 1º. ano, enquanto o anterior, de 1 a 20, se mantinha para os
alunos do 2º. ano.
Esta questão baralhava alguns pais, menos informados
que, não raramente, puniam os filhos do 1º. ano, porque tinham quatros e
cincos, e premiavam os do segundo que tinham fartas doses de setes e oitos.
Porque os tempos eram de revolução “lembro-me bem das aulas de Português do primeiro ano em que lemos,
estudámos e comentámos, a obra de Alves Redol Constantino Guardador de Vacas e
de Sonhos. Aí sim, com grande vantagem para os alunos, em minha opinião, dado
tratar-se de um livro excelente para aquelas idades, que o leram com gosto”.
Entretanto, a Escola da Benedita tinha sido autonomizada
e eleito um Conselho Diretivo, no qual Timóteo de Matos assumiu as funções de
Presidente. Numa tentativa de dar voz aos elementos da Escola, o Conselho
incluía, de acordo com as normas do Ministério da Educação, além de professores
e alunos, um elemento do pessoal auxiliar e outro da secretaria.
Como a secretaria tinha apenas um elemento por falta de
verbas, Maria José (Zeca) Jorge
passou a integrar o Conselho Diretivo.
“Devo dizer que a
sua inteligência, afabilidade e rigor no trabalho, aliados a uma grande
simpatia, cativaram-me a mim e a Escola. Como ela tinha muito trabalho, que
dificilmente conseguia cumprir, cabia-me ajudá-la e, ao longo do tempo, a
amizade entre nós foi crescendo ao ponto de ter sido a ela que convidei para
madrinha de casamento. Aqui fica, pois, a minha homenagem à Zeca, hoje Dr.ª
Maria José, por tudo aquilo que foi, para todos nós, professores e alunos da
Escola”.
Apesar de ter aumentado, rapidamente, o número de
professores, de 13 passaram a 37,
a verdade é que, o que melhor como salienta, era o
espírito de entreajuda e a camaradagem existente, sobretudo os que se
deslocavam de Alcobaça.
Será que então era essa a ideia?
Não vou discordar, mas salientar que agora é
politicamente correto dize-lo.
“Éramos muitos e
tínhamos um horário em que revezávamos os carros, para transporte de todos”.
Pese embora o risco de esquecer alguns, Timóteo de Matos
lembra-me “os que me foram mais próximos
e sempre me ajudaram nos dois anos em que fui Presidente do Conselho Diretivo”,
apesar de reconhecer, ter sido, por vezes, demasiado duro na direção e nem
sempre isento de burocracias, com a Maria do Carmo Pinto de Abreu, a Ana Maria
Fleming de Oliveira, suas colegas na disciplina de Português e História, a
Maria Helena Cadillon, o Carlos Pinto de Abreu, o João de Matos e a Elisa Rito,
na Matemática e Ciências, a Alice Subtil e a Maria Eugénia, em Francês e a Fernanda
Silva, na Educação Visual, a Fátima Pragosa, da Batalha, o António Fonseca e os
irmãos Fernando e João Maurício, todos estes da Benedita.
No dia 11 de novembro de 1975, Ana Fleming de Oliveira
teve de se deslocar a Abrantes com mais colegas, para uma reunião de trabalho,
ao serviço da escola, a cujas aulas, portanto, faltou.
No caminho, para os lados de Tancos, encontrou
barricadas na estrada, compostas de civis e militares, barbudos e armados. Na
dia seguinte, Fernanda Silva, ativista irrequieta e muito pouco preparada,
desbocada e estouvada, (dizia-se que leu a “cartilha”
num intervalo do almoço de um hambúrguer e coca-cola), pôs a correr junto
dos colegas que Ana Maria faltara às aulas, pela razão de ser uma impenitente
reacionária/fascista e receara as consequências do golpe frustrado,
alegadamente spinolista.
Como no dia seguinte, quem devia levar o carro, com os
colegas de Alcobaça, era Ana Fleming de Oliveira, deixou em terra a Fernanda,
que teve que ir sozinha no seu, e a meio caminho passou a buzinar, em boa
velocidade e com ar amuado, que manteve por dois dias.
“Nesse tempo”, continuou a contar-me Timóteo de Matos, “andávamos entusiasmados na Fundação do
Sindicato dos Professores do Centro”.
A votação dos Estatutos na generalidade, ocorreu, num
pavilhão, cheio como um ovo, em Coimbra. Após discursos e respetivos aplausos
da direita ou da esquerda, passou-se à votação “renhida como não poderia deixar de ser, de tal modo que foi necessário separar para a esquerda os apoiantes de
um projeto e para a direita os apoiantes do outro. Do lado esquerdo, cantava-se
o Venceremos! e outras melodias afins. Do lado direito, não me lembro. A
verdade é que perdemos, por pouco, é certo, mas perdemos. Rejubilavam os de lá
e apupávamo-los nós, com uns Abaixo a Reação! e quejandos”.
Os Estatutos teriam ainda que ser votados na
especialidade, pelo que durante vários fins de semana consecutivos, Timótio de
Matos lá andou por Castelo Branco,
Aveiro ou Leiria, correndo as capitais dos Distritos do Centro de País, até à
aprovação final das dezenas e dezenas de artigos.
“Vingança consumada, dado os
estatutos estarem de novo alterados, quase, quase iguaizinhos à proposta
derrotada em Coimbra”.
Na Benedita, a escola funcionava, por “empréstimo”, nas instalações do Instituto
de Nossa Senhora da Encarnação, onde tinham aulas os alunos do Ensino
Secundário, particular, de que era diretor o prof. Gonçalves Sapinho, e do
Ciclo Preparatório, oficial e que, pode dizer-se, rebentava pelas costuras.
Havia, segundo Timóteo de Matos,
“amizade, respeito mútuo e colaboração entre ambos os responsáveis, que
permitiu fazer milagres para acomodação de toda a gente. Ainda há pouco, em
conversa entre ambos, recordámos a grande dificuldade que era a falta de salas”.
E como um dia lhe lembrou Gonçalves Sapinho (com quem
mantinha relações cordiais), faziam horários com aulas de 45 minutos, em vez
dos 50 regulamentares e intervalos de 5 minutos, no lugar de 10, para poder
ganhar mais uma aula diária em cada sala.
“Nesses gloriosos
tempos”, expressão
encomiástica de Timóteo de Matos, talvez aqui metida à pressão por uma razão de
estilo, “era possível usar a criatividade
revolucionária ou mesmo o desenrascar à portuguesa. Não tínhamos pavilhão, não
tínhamos campo de jogos, mas arranjava-se sempre maneira de dar aulas de
Educação Física. E até atividades físicas extraordinárias, para as quais era
indispensável um pavilhão. Como o não tínhamos e incluímos esses tempos nos
horários, até que veio um inspetor que os cortou, com grande mágoa minha que
queria, por força, criar todos os postos de trabalho possíveis”.
Como as salas eram insuficientes e o edifício apertado
para duas escolas, começou a considerar-se a necessidade de construir um novo
edifício. E assim foi uma delegação da Benedita a Lisboa, apresentar o assunto
à Direção Geral do Ensino Básico.
“Levávamos a
promessa de um terreno e da ajuda da população, pois a Benedita teve sempre o
hábito e o gosto de despir a camisa quando há obra a fazer na terra”.
A Benedita não estava na lista das primeiras escolas a
construir mas, “se tínhamos terreno
oferecido, mão de obra e materiais, pois então a escola passaria para os
primeiros lugares da lista”.
Sentimento e força que, segundo Timóteo de Matos, vieram
a falhar porque, à última hora, numa reunião com a população no Salão
Paroquial, foi deliberado (entre grande
polémica e disputa), que a Freguesia ofereceria um terreno que, porém, não
tinha condições para o efeito, enquanto recusou oferecer um outro, isto é,
aquele onde hoje se situa o excelente Centro Cultural Gonçalves Sapinho.
A Benedita teria de esperar, muito tempo, até ter a sua
nova escola, aliás com “juros”, pois
é excelente.
Estava a chegar o Verão Quente (1975) e a contestação,
por parte de algumas pessoas da Benedita, era forte, mas até então apenas fora
da Escola.
Um dia à entrada, “encontrámos
uma forca muito bem feita e montada, da qual pendia um cartaz que rezava: FORCA
PARA OS PROFESSORES COMUNISTAS DO CICLO. Pessoal auxiliar, alunos e professores
mostraram-se chocados. Lembro-me que muitos se me dirigiram, querendo
removê-la, alguns balbuciando desculpas de uma situação de que não tinham
qualquer responsabilidade. Que não! lhes fui dizendo. Que aquilo era apenas de
ignorantes que não sabiam escrever e que o que queriam dizer, era: FORÇA PARA
OS PROFESSORES COMUNISTAS DO CICLO”.
“Tratava-se de um
incentivo”, argumentava
Timóteo de Matos para consumo externo, mostrando-se forte por fora.
Mas a verdade é que não gostou da gracinha e, tira não
tira, acabou por ser o prof. Sapinho, a mandar retirá-la e resolver o incómodo.
Gonçalves Sapinho disse-me por sua vez que a “forca” foi retirada imediatamente e sem
quaisquer hesitações, sendo um equívoco dizer-se o contrário.
Passados muitos anos, recorda de uma forma esbatida e
cor de rosa, esses dias agitados, pois “a
escola, medianamente revolucionária, com uns pozinhos de anarquia e,
paradoxalmente, uma grande disciplina, pelo menos aquela Escola da Benedita
onde estive, foi muito superior à anterior, fechada e mecânica e também à
atual, onde cada um cuida de si, pensa em acabar as aulas, ir para casa e
esperar pelas férias. Na minha Escola faziam-se experiências, hoje impossíveis.
Era mais solidária, mais aberta”.
Por essa altura, segundo o correspondente do Voz de
Alcobaça, J. Pereira Maurício, “muito se
tem falado da nacionalização do Externato da Benedita mas, segundo fontes
geralmente bem informadas, nada existe de concreto, pois, tudo o que se diz, é
exagero”.
Contudo, o articulista entendia que, mesmo assim, sendo
mero boato para agitar, deveria exprimir uma opinião, pois “num futuro mais ao menos longo, a Escola
Preparatória Frei António Brandão irá substituir o Externato a nível de cursos
gerais. Querer evitar isso é pura estupidez, será o mesmo que querer parar o
vento com as mãos (…). O Externato
pode e deve completar a formação dos jovens saídos da escola preparatória. O
Externato não deve morrer, mas sim adaptar-se à nova realidade”.
Seguramente Maurício desconhecia ou queria esquecer, a
importância da ação do Externato Cooperativo, que arrancou em regime
experimental, a 12 de outubro de 1962 e começou a funcionar numa antiga fábrica
adaptada para o efeito, sita no “Por do
Sol”.
Foi este, se não o primeiro, mas seguramente um dos
primeiros estabelecimentos de ensino secundário criado numa aldeia, com rápida
e grande influência na Benedita e arredores, como fator de progresso e
dinamização, aumentando espetacularmente o seu nível de literacia, até então
muitíssimo baixo, alterando o modo de vida, e aspirações especialmente dos
jovens, com perspetivas de emprego e promoção social impensáveis. Foi também
até 1975, a
primeira cooperativa de ensino em Portugal, servindo como pioneira de modelo a
outras entretanto surgidas. Não é pois, por acaso, que a Freguesia da Benedita,
em termos de literacia, se situa num dos primeiros lugares do ranking nacional,
entre as congéneres.
Para
Gonçalves Sapinho, o grande responsável pelo sucesso deste estabelecimento de
ensino, “o Externato Cooperativo da Benedita contribuiu significativamente para o
desenvolvimento socioeconómico e cultural da vila, agindo com espírito aberto,
promovendo a cultura e evitando ocupar espaços da sociedade civil na área cultural.
Considero que o tempo mais rico da minha vida foi o que dediquei ao ECB, tendo
participado na sua organização e reestruturação ao longo de décadas,
preparando-o para os desafios do futuro, adaptando-o às circunstâncias
político-sociais, nacionais e locais, e fazendo todos os investimentos
imobiliários e mobiliários que estão hoje à vista. A primeira grande revolução
foi acabar com os Cursos de Formação de Serralheiros e de Formação Feminina que
eram, financeiramente, insustentáveis. Procedeu-se então, sempre com o apoio
dos Órgãos Sociais da Cooperativa, à substituição destes cursos pelo Curso
Geral de Administração e Comércio, que passou a ser misto e permitia o
prosseguimento de estudos. Por outro lado, criaram-se os cursos diurnos gerais
dos liceus. As consequências destas medidas foram bastante positivas, na medida
em que os alunos continuavam a estudar, incentivando, assim, as gerações mais
novas a fazê-lo também. Naturalmente que houve dificuldades. O Ministério da
Educação indeferiu a criação do liceu. Corremos o risco de pôr a funcionar
legalmente algo que era ilegal. O sucesso que vivi enquanto Diretor Pedagógico
é ver a escola como ela está: uma das melhores escolas do país do ponto de vista das estruturas físicas e do corpo
docente.”
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