BOCAGE, CENSURA E INQUISIÇÃO
Fleming de Oliveira
Manuel Maria Barbosa
du Bocage (com o pseudónimo de Elmano Sadino), foi várias vezes preso, alegada
e popularmente por meras razões de licenciosidade (vida boémia em botequins e
bordeis), mas não só (tertúlias literárias), foi denunciado à Inquisição como
perigoso herético e maçon.
Interrogado e preso
nos cárceres do Santo Ofício, foi enviado para o Limoeiro, imposta a reclusão
no Mosteiro de S. Bento e finalmente residência fixa na Congregação do
Oratório, no Convento-Prisão das Necessidades, aonde tinha de ouvir, aos domingos,
os sermões dos oratorianos. Durante mais de dois anos esteve preso, por razões
ideológicas: Vítima do rigor e da
tristeza//Em negra instância, em cárcere profundo//O mundo habito sem saber do
mundo/Como que não pertenço à natureza/// Enquanto pela vasta redondeza//Vai
solto o crime infesto, o vício imundo//Eu (não perverso) em pranto a face inundo//Do grilhão
suportando a vil dureza.
Para Bocage ficar
sujeito à Inquisição e ao poder de Pina Manique (o mais radical dos
desembargadores no desempenho durante cerca de 25 anos de Intendente Geral da
Polícia), foram determinantes escritos em que revelava (sem pudor ou cautela), os sentimentos
liberais (ecos da Revolução Francesa), como a Epístola a Marília, tidos por
sacrílegos e blasfemos.
Mas afinal eram
libelos contra a intolerância, o fanatismo e a superstição, um Deus opressor e vingativo, um Deus só terrível
aos olhos da ignorância.[FdO1]
No caso de Bocage há
destacar a sua conduta Rumo à
Cidadania, a luta pela implantação de um Estado, assente na Liberdade e
Justiça, o respeito por valores éticos e universais, capazes de construir uma
sociedade plural e solidária.
A postura que
manteve ao longo da vida, o seu estilo marginal e o aspeto satírico da sua personalidade,
escondiam um íntimo em conflito entre o ódio e o amor, o inferno e o céu, a
libertação e a morte.
Pina Manique, foi
obcecado pelo combate à Maçonaria que se espalhava entre jovens, menos jovens,
aristocratas (Duque de Lafões) e plebeus, civis e militares, funcionários do Estado,
profissionais liberais e religiosos (Abade Correia da Serra).
Bocage, em finais do
século XVIII entrou na Maçonaria e fez parte da Loja Fortaleza, aonde assumiu o
nome de Lucrécio. Participou em atividades conspirativas em botequins do
Rossio, frequentou as tertúlias literárias do Morgado de Assentis, à Praça da
Alegria, e do Conde Pombeiro, ao Paço da Rainha.
NOTA-cfr. o nosso,
NO TEMPO DE SALAZAR, CAETANO E OUTROS
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