-D. ANTÓNIO DE CAMPOS, ALCOBACENSE E ILUSTRE
FIGURA DA IGREJA PORTUGUESA.
VASCA DA GAMA FERNANDES ANTICLERICALISTA MILITANTE E REVIRALHISTA-
Fleming de Oliveira
Alcobaça
revia-se com gosto e respeito, na pessoa do seu conterrâneo, D. António de
Campos, Bispo de Fabiana, Auxiliar de Lisboa e mais tarde Vigário Episcopal de
Santarém.
Tanto
assim, que lhe prestou uma grande homenagem, em janeiro de 1955, primeiro no
Salão Nobre dos Paços do Concelho e depois à noite no Cine-teatro, onde lhe foi
entregue o anel episcopal oferecido por alcobacenses. D. António de Campos, grande
figura da Igreja portuguesa e ilustre alcobacense, veio inesperadamente a
falecer na Nazaré, aonde se encontrava de férias em agosto de 1969, ao que se
diz vítima de uma fuga de gás.
O
salazarismo entraria, ainda que pontualmente, em conflito com a Igreja, pelo
menos com alguns membros da sua hierarquia, mas em moldes nada comparáveis com
os afrontamentos da I República. Deus,
Pátria e Família foi a fórmula, que o Estado Novo propagandeou, e que
resultava do texto da Constituição.
Estas
relações íntimas, não quer dizer que tivessem sido sempre totalmente pacíficas
e sem margem para atritos.
Sem
beliscar, formalmente, o princípio da separação entre a Igreja e o Estado, o
regime obviamente com a oposição do reviralho, celebrou a Concordata, onde se
consagraram privilégios e benefícios à Igreja, com o fundamento de ser a
religião tradicional/oficial do País.
Já a
Constituição de 1933, consagrara o princípio da liberdade de culto e de
religião, e afirmava que a Igreja Católica é a religião oficial da Nação Portuguesa.
O
Estado continuou a ignorar a
existência de outras confissões. Só à Igreja Católica foi reconhecido o direito
de ensinar nas escolas públicas, a isenções fiscais e outras benesses. As
demais confissões tinham de se socorrer do sofisma de constituir uma associação
de direito privado, sujeita a aprovação do governo e registo no Ministério da
Justiça.
Vasco
da Gama Fernandes, na sua militância anticlerical, ainda escrevia, a partir de
Valência de Alcântara-Espanha, para o Voz de Alcobaça (reviralhista), a propósito
do que apelidava a Feição Internacional
do Catolicismo, que a Igreja, católica, apostólica e romana tem
sido objecto do mais perseverante estudo através da evolução histórica da
humanidade, no sentido de a desmascarar, pondo bem a nú, e ao alcance de
criteriosos exames, todos os seus inumeráveis defeitos de constituição e
influência e pretenso poderio espiritual. (…) As Democracias estão há muito convencidas pela experiência dura das
realidades do que é, e do que vale a Igreja Católica. Sabem bem quanto ela é
encarniçada inimiga das liberdades públicas e como ela se irmana bem com todos
os poderes tirânicos.
NOTA-cfr. o nosso, NO TEMPO DE
SALAZAR, CAETANO E OUTROS
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